segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

PRÊMIO QUÍMICA NOVA PARA NOVOS AUTORES

É de extrema importância para a Sociedade Brasileira de Química que pesquisadores jovens, no começo da sua carreira independente, prestigiem as revistas da SBQ com o envio de trabalhos de qualidade e transmitam assim esta prática para as novas gerações de jovens cientistas que estão formando.

A honraria será outorgada anualmente para pesquisador (doutor) de até 35 anos completados em 1º de janeiro do ano da premiação, associado da SBQ (em dia com a anuidade), autor de trabalho publicado em Química Nova nos volumes correspondentes aos dois anos precedentes ao da premiação. Trabalhos aceitos no período, mas não publicados nos últimos dois volumes da revista, não serão considerados, mesmo que estejam disponíveis "on line".

O prêmio consistirá numa medalha e no custeio (viagem, inscrição e estadia) para participar da Reunião Anual do ano em curso. A medalha será entregue na Sessão de Homenagens da RA. Os interessados devem submeter a sua candidatura individualmente e a documentação solicitada consistirá em:
- CV Lattes detalhado e atualizado;
- O trabalho da sua autoria publicado em QN. Só será considerado um candidato por trabalho. No caso de coautoria, a documentação deverá incluir uma carta de um coautor sênior onde seja especificada claramente a contribuição do candidato ao trabalho;
- O pesquisador poderá ser agraciado com o prêmio uma única vez;
- Todos os documentos deverão ser enviados a quimicanova@sbq.org.br em formato PDF, esclarecendo ser a candidatura ao Prêmio. A escolha será realizada por um Comitê ad-hoc de até 5 pessoas, indicado pela Diretoria e Conselho da SBQ e será presidido por um Editor de Química Nova. A data para envio das candidaturas será divulgada anualmente na homepage da SBQ, na homepage da Química Nova e no Boletim Eletrônico.

Editores de QN
Premiações Anteriores
2014 - Diogo Seibert Lüdkte (UFRGS) e Wallans Torres Pio dos Santos (UFVJM)
2013 - Frank Nelson Crespilho (IQSC - USP)
2012 - Carin von Mühlen (Feevale) e Rodrigo Alejandro Abarza Muñoz (UFU)
2011 - César Ricardo Teixeira Tarley (UEL) e Leonardo Fernandes Fraceto (UNESP)

NA PRÁTICA, É QUÍMICA!

DISPONÍVEL: http://cienciahoje.uol.com.br/alo-professor/intervalo/2015/02/quimica-na-pratica
ACESSO: 23/02/2015 AS 9h56min

Aluno do ensino médio desenvolve jogo digital que permite ao estudante manusear átomos, cadeias e ligações químicas em 3D para auxiliar no aprendizado de conceitos científicos.
Por: Isabelle Carvalho
Publicado em 18/02/2015 | Atualizado em 18/02/2015
 
Química na prática
No jogo Ligatom, é possível montar cadeias atômicas, escolhendo átomos e estabelecendo ligações entre eles de forma mais intuitiva e lúdica. (imagem: reprodução) 
                  
Visualizar e entender o funcionamento de cadeias atômicas pode ser um desafio. Uma maneira alternativa de abordar o tema em sala de aula é tentar aproximá-lo dos estudantes por meio de trabalhos práticos. Foi justamente isso que fez um aluno do 3º ano do ensino médio do Colégio Estadual Maria de Fátima de Santana, em Goiânia, Goiás. Ele desenvolveu o Ligatom, um jogo digital que ensina conceitos de química de forma fácil e divertida. “Cabe ao professor dizer se a cadeia criada está certa e, se estiver errada, ensinar como se monta de maneira correta. É uma forma alternativa de passar esses conceitos químicos.”
Tudo começou com um simples trabalho de química. Lucas dos Santos Oliveira, de 18 anos, teve a ideia de criar um software em que seria possível montar cadeias atômicas, escolhendo átomos e estabelecendo ligações entre eles – simples, duplas ou triplas – de forma mais intuitiva e lúdica. “Eu sou programador de jogos e decidi fazer um jogo que ajudasse a entender o que são cadeias atômicas”, conta. “No jogo, podem ser abordados temas como isometria espacial, geometria molecular e ângulos das ligações”, exemplifica.
No menu do jogo, o usuário pode escolher quais átomos quer usar em sua cadeia, seja enxofre, carbono, cloro ou diversos outros. Esse é o que Oliveira chama de ‘modo livre’ do jogo, em que não há vencedores ou perdedores e o jogador pode criar praticamente qualquer cadeia que desejar. “Escolhidos os átomos, o jogador vai montando sua cadeia, colocando as ligações”, explica. “Nesse modo, cabe ao professor dizer se a cadeia criada está certa e, se estiver errada, ensinar como se monta de maneira correta. É uma forma alternativa de passar esses conceitos químicos.”

Jogadas futuras

Oliveira explica que pretende aprimorar o Ligatom criando um ‘modo carreira’, uma opção de jogo um pouco mais desafiadora do que o formato atual, já que será preciso cumprir certos objetivos. “Nesse modo, será possível ganhar ou perder, pois o jogador terá que obedecer algumas regras, como que tipo de cadeia montar, quantas e quais tipos de ligações ela deve possuir e quais átomos devem estar presentes”, esclarece. “Pretendo acrescentar alguns tutoriais para ajudar nesse desafio, e os jogadores avançarão de fase se conseguirem construir as cadeias corretas sem extrapolar o limite de tempo.”
Apesar de seu potencial educacional, o Ligatom ainda não está disponível on-line ou para download. O desenvolvedor conta que tentou contato com diversas instituições para encontrar formas de disponibilizar o game, sem sucesso, e continua em busca de apoiadores e parcerias. “Fiz alguns contatos com o governo estadual de Goiás e com o Sebrae [Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas] do estado, mas as conversas não progrediram”, lamenta. “Embora eu queira muito dar continuidade a esse projeto, confesso que não sei se será possível, já que na minha região o ramo de jogos é muito escasso.”
Além do game de química, o estudante trabalha em novos projetos educativos e já desenvolveu outros jogos digitais relacionados a matemática, empreendedorismo, religião, história e geografia.
Jogo efeito estufa
O estudante já desenvolveu outros jogos digitais, como um que trata dos gases do efeito estufa.
                                                           (imagem: reprodução)
 
“Quando tinha 15 anos, fiz um jogo de perguntas de matemática e depois criei um tipo de ‘Show do Milhão’ com perguntas bíblicas”, diz, explicando que usa um sistema chamado Unity 3D, uma associação de ferramentas e serviços que permite criar jogos. “Também fiz um em que o jogador tem que administrar uma empresa de sorvete, outro abordando como funcionavam as capitanias hereditárias do Brasil Colonial e um sobre os gases do efeito estufa.”
Sem dúvida, um bom exemplo de iniciativa criativa que pode ajudar muito o ensino brasileiro.

Isabelle Carvalho
Especial para CH On-line

É ARTE FICAR EM PÉ?????

DISPONÍVEL: http://revistapesquisa.fapesp.br/2015/02/18/a-arte-de-parar-em-pe/
ACESSO: 23/02/2015 as 9h 12min



Um fato curioso para refletir enquanto estiver parado, em pé, em alguma fila: sem a atividade constante de nervos e músculos, o corpo desabaria como uma marionete largada por seu manipulador. Para ficar em pé, parado, não basta que os impulsos elétricos transmitidos pelo sistema nervoso ordenem aos músculos que permaneçam rígidos o tempo todo. Se fosse assim, o equilíbrio do corpo humano seria idêntico ao de um cabo de vassoura: qualquer perturbação – a mais leve brisa ou mesmo a respiração ou os batimentos cardíacos – levaria à queda. Manter-se ereto sobre duas pernas exigiria a habilidade de um equilibrista de circo, que tem de se movimentar para lá e para cá para sustentar um prato na ponta de uma vareta. No corpo humano uma parte do sistema nervoso central ordena, de modo automático, a contração e o relaxamento coordenados dos músculos da perna, deixando o cérebro livre para prestar atenção ao ambiente ou divagar sobre esse tipo de curiosidade.
“Embora não se perceba, ficar em pé é um desafio constante para o sistema nervoso”, explica André Fábio Kohn, engenheiro biomédico da Universidade de São Paulo (USP). Kohn e seus alunos de doutorado desenvolveram um novo modelo para descrever como uma porção da medula espinhal – o tecido formado por neurônios agrupados no interior de um canal que atravessa os ossos da coluna – coordena a contração e o relaxamento de músculos situados abaixo do joelho. São esses músculos que controlam as rotações do tornozelo, impedindo que o corpo parado em pé caia para a frente ou para trás.
O modelo da equipe de Kohn demonstra que a medula espinhal é poderosa o suficiente para receber os sinais elétricos indicadores da tensão dos músculos, processá-los e enviar de volta comandos para controlar essa tensão, com pouquíssima ajuda do cérebro. “Algumas pessoas pensam que a medula espinhal é como um cabo elétrico que se conecta com o cérebro, apenas um feixe de passagem, mas essa ideia é errada. Se o cérebro é o equivalente a um supercomputador, a medula espinhal seria um computador muito bom.”
Os músculos simulados pela equipe de Kohn apresentam o mesmo padrão de atividade elétrica – uma combinação de sinais contínuos e intermitentes – que neurofisiologistas e engenheiros biomédicos observaram em experimentos recentes com seres humanos. Um músculo de ação rápida, o gastrocnêmio, que, além de manter a postura, ajuda a saltar e correr, atua de maneira mais pulsada, intermitente, ativado de uma a duas vezes por segundo. Já um músculo mais lento, mas mais resistente à fadiga, o sóleo, tende a ser ativado de maneira quase contínua. “Alguns músculos respondem de modo contínuo, enquanto outros de maneira intermitente”, diz a médica Júlia Greve, do Instituto de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina da USP. Ela pesquisa terapias que auxiliam a recuperação de pacientes idosos ou com doenças neurodegenerativas com dificuldades de realizar movimentos e de manter a postura. “O controle do sistema nervoso sobre a sensibilidade dos músculos que Kohn modelou é uma função importante para a reabilitação dessas pessoas.”
“Quando se está em pé e se inclina um pouco para a frente, os músculos da panturrilha, o sóleo e o gastrocnêmio, se contraem, enquanto o da frente da perna, o tibial anterior, relaxa”, explica Júlia. Ao contrário, a musculatura da parte anterior da perna se contrai e a da panturrilha relaxa se a tendência é cair para trás. “Esse sincronismo é modulado em um mesmo segmento da medula espinhal; o sinal que manda um músculo contrair já faz o outro relaxar.”
Ela nota que o controle desses músculos representa apenas parte do sistema de controle postural. Para manter o corpo em certa posição, cada segmento da medula precisa de uma cópia do circuito de controle do tornozelo para os demais músculos do corpo. Além disso, a medula espinhal e o córtex motor, região cerebral responsável pelos movimentos conscientes, precisam trabalhar em conjunto para integrar as informações recebidas dos nervos ligados aos músculos com as vindas da visão, do tato e do sistema vestibular do ouvido interno, que dá a referência de onde a cabeça está em relação ao restante do corpo. “Sem essa noção, caímos”, ela diz.
Depois de algum tempo parado de pé, o corpo começa a usar outras estratégias para se equilibrar. Além da oscilação do tornozelo, o quadril passa a se mover e o apoio do peso a se concentrar ora mais em uma perna, ora em outra. “O sistema de controle postural humano é um mecanismo de extraordinária complexidade”, diz o especialista em biomecânica Daniel Boari, da Escola de Educação Física e Esporte da USP. Segundo ele, cerca de 750 músculos controlam os mais de 200 tipos de movimentos independentes que o corpo é capaz de realizar. “Cada grupo de pesquisa tem um ponto de vista um pouco diferente sobre os mecanismos neuromusculares que atuam nessas situações”, diz o engenheiro biomédico Robert Peterka, da Universidade de Saúde e Ciência do Oregon, nos Estados Unidos.
O engenheiro brasileiro Hermano Krebs, pesquisador do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), constrói e utiliza robôs com a intenção de auxiliar a fisioterapia de pacientes que perderam parte dos movimentos por lesões no sistema nervoso. Os robôs funcionam como fisioterapeutas automáticos, corrigindo os movimentos. Krebs trabalha com a equipe de Kohn em um projeto que, se der certo, permitirá que o novo modelo computacional seja usado para orientar terapias de reabilitação. “Para melhorar a reabilitação robótica, é importante olhar o problema sob vários pontos de vista, com experimentos e simulações”, diz ele.
“Não basta ser bom em matemática e computação para fazer esses modelos; é preciso estudar fisiologia e conhecer os trabalhos experimentais, de modo a melhorar a intuição sobre o problema”, diz Kohn. Ele começou a pesquisar a fisiologia do sistema nervoso ainda na graduação em engenharia elétrica na Escola Politécnica da USP, no final dos anos 1970. A origem de seu modelo para o controle da postura ereta remonta a 1994, quando passou um ano em um laboratório dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos. Ali, ele aprendeu a usar medições da atividade elétrica de nervos e músculos, registradas por eletrodos colocados na pele de voluntários, para deduzir por quais circuitos de neurônios os sinais elétricos são processados na medula espinhal.
Esses e outros experimentos revelaram que os neurônios não são simples elementos de circuitos elétricos que funcionam regularmente como relógios. Eles disparam sinais elétricos de forma abrupta e aleatória, que se refletem no movimento do corpo. Mesmo quando um soldado treina para marchar com passos regulares, há uma pequena variação no comprimento de seus passos. Mas, paradoxalmente, o movimento contínuo e suave de um músculo decorre da ação conjunta das centenas de neurônios ligados às fibras musculares, que, disparando de forma aleatória e levemente dessincronizada, suavizam a ação uns dos outros.
Combinando dados de seus experimentos e dos de outros pesquisadores, Kohn e Rogério Cisi, então seu aluno de doutorado, criaram em 2008 um modelo em computador da medula espinhal e de neurônios envolvidos no controle muscular. “Esse é o núcleo de nosso novo modelo”, explica Kohn. Em 2013, com dois outros doutorandos, Leonardo Elias e Renato Watanabe, ele expandiu o modelo de Cisi ao incluir descrições detalhadas dos músculos responsáveis por manter o tônus do tornozelo. O modelo leva em conta, por exemplo, órgãos sensitivos dos tendões e ligações entre fibras musculares e neurônios chamados de fusos musculares, que agem como sensores e informam ao sistema nervoso sobre o alongamento e a força sentida pelos músculos.
“Estamos cientes das limitações do modelo”, diz Kohn, reconhecendo a forma simplificada com que trata os elementos do sistema motor. Os dendritos, o corpo celular e o axônio de cada neurônio são representados por circuitos elétricos que incluem aspectos dinâmicos do funcionamento neuronal, o que permite reproduzir de modo mais realista a atividade de neurônios reais. A complexidade do entrelaçamento dos neurônios e das células musculares é também reduzida. Mas a simplificação mais radical é a do corpo humano como um todo, representado por uma barra fixa ao chão por uma junta móvel, que faz o papel do tornozelo. Nesse modelo, conhecido como pêndulo invertido, a barra permanece em pé pela ação compensatória do sóleo, do gastrocnêmio e do tibial anterior. “É simplificado, mas não é simples”, afirma Kohn sobre o modelo, que inclui a representação de milhares de neurônios e de 1 milhão de conexões (sinapses) entre eles em 5 mil equações matemáticas.
As simulações sugerem que o processamento de informação feito na medula espinhal consegue manter uma pessoa em pé por ao menos 30 segundos e com características parecidas com as de seres humanos saudáveis. De acordo com o modelo, a porção superior do sistema nervoso central, que inclui o cérebro, auxilia a atividade da medula ao enviar um sinal elétrico especial. “Imitamos como o sistema nervoso central, particularmente a medula espinhal, tenta processar, grosso modo, as respostas dos sentidos envolvidos em certo movimento”, diz Kohn.
“Acredito que Kohn tem o melhor modelo para representar o circuito entre a medula espinhal e os músculos”, diz Krebs, que planeja usar esse modelo às avessas. Seus robôs medem com precisão variações na estabilidade do tornozelo de uma pessoa em pé – essa estabilidade muda após um acidente vascular cerebral (AVC), porque os sinais enviados à medula espinhal diminuem. “Com menos sinal descendo, certas partes do tornozelo param de responder, já outras respondem de maneira mais ativa”, diz Krebs. “Quero fazer o inverso: colocar no modelo medidas da rigidez do tornozelo e usá-lo para descobrir como é o sinal enviado pelo cérebro à medula.”
Seria possível usar o modelo para uma terapia robótica ou projetar uma prótese que melhorasse o sinal elétrico emitido pelo cérebro de alguém com AVC? Ainda não, segundo Kohn. O maior problema é que o modelo tem muitas variáveis e, embora aja de modo natural, ainda não se entende como cada parte interage com outra. “Atualmente, o uso clínico é inviável”, admite Kohn. Krebs é mais otimista. “Cada vez que encontro Kohn, sua equipe está mais próxima dessa possibilidade.”

CUIDADO COM O SOL.....ELE VAI TE PEGAR!!!!!!

DISPONÍVEL: http://revistapesquisa.fapesp.br/2015/02/19/residuos-de-melanina-danificam-dna/
ACESSO: 23/02/2015 as 9h06 min



      Sob a ação da luz solar, o pigmento da pele, a melanina, pode se fragmentar e formar compostos químicos muito reativos que podem danificar a estrutura da molécula de DNA, mantida no núcleo das células, e facilitar o desenvolvimento de câncer de pele, de acordo com um estudo publicado na revista Science desta semana (20 de fevereiro).
       O ataque ao DNA pode persistir por mais de três horas após a exposição direta à luz do sol, segundo esse trabalho, indicando mais uma limitação da ação dos cremes protetores aplicados à pele para proteger contra os efeitos prejudiciais da radiação ultravioleta da luz solar.
         “O protetor solar não vai prevenir totalmente os danos ao DNA, que continuam mesmo depois da exposição ao sol”, diz o químico Etelvino Bechara, um dos autores do artigo, professor ligado à Universidade de São Paulo (USP) e à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
         Com base nesse trabalho, Bechara recomenda ainda mais cuidado com o bronzeamento artificial e alerta para a necessidade urgente de formulações, na forma de cremes, que possam impedir a formação dos compostos lesivos ao DNA mesmo depois da exposição ao sol. Uma possibilidade, apresentada no estudo, é o uso de ácido sórbico, um aditivo de alimentos, embora sua eficácia, dosagem e forma de aplicação ainda não tenham sido estabelecidos.
         Camila Mano, do Instituto de Química da USP, é a outra autora brasileira desse trabalho. Por sugestão de Bechara, ela foi à Universidade Yale, nos Estados Unidos, integrou-se ao grupo de Douglas Brash e fez parte dos experimentos que revelaram as reações que danificam o DNA e podem levar à formação de células anormais, que, se não contidas, podem gerar tumores.
          Normalmente, nas células produtoras de melanina, a radiação ultravioleta do sol forma os chamados dímeros (compostos químicos com duas unidades) de timina e citosina, dois componentes básicos do DNA. Esses componentes, agora unidos (dímeros) em vez de estarem sozinhos, podem alterar o funcionamento do DNA no momento da multiplicação celular. As células dispõem de mecanismos de reparo de DNA que desfazem parte dos dímeros.
         A melanina, o pigmento escuro da pele, pode impedir a formação dos dímeros. O que os pesquisadores viram nesse estudo foi um caminho bioquímico novo que leva a um efeito oposto, fazendo a melanina formar dímeros, prejudiciais ao DNA.
       Os pesquisadores observaram que a melanina poderia induzir a formação de dímeros de pirimidina (timina e citosina) por pelo menos três horas após a exposição direta à radiação ultravioleta do sol, desse modo reduzindo a eficácia dos mecanismos de reparo da molécula de DNA e facilitando a propagação de mutações genéticas prejudiciais.
         Segundo Bechara, a melanina da pele se fragmenta e gera um composto químico muito reativo, uma cetona triplete (com dois elétrons desemparelhados). Esse composto transfere energia para o DNA, formando os dímeros. Nesse experimento, os pesquisadores verificaram que os dímeros de pirimidina formados na ausência de luz formam a maioria dos dímeros responsáveis pela destruição do DNA. Esse tipo de fenômeno é chamado de fotoquímica no escuro e, enfatiza Bechara, havia sido proposto na década de 1970 por Emil White, da Universidade Johns Hopkins, e por Giuseppe Cilento, do Instituto de Química da USP. “A fotoquímica no escuro amplia as reações lesivas ao DNA iniciadas pela radiação ultravioleta”, diz ele. Segundo o pesquisador, esse tipo de reação tem sido identificado em fenômenos biológicos, mediados por compostos químicos de alta energia, em raízes de plantas e órgãos de animais, como o fígado.
​A melanina pode também reagir com a luz visível, absorvendo e depois transferindo parte de sua energia para ​moléculas de oxigênio, gerando formas altamente reativas, o chamado oxigênio singlete. O oxigênio excitado pode reagir como reage com moléculas como o DNA, danificando-as, conforme estudo recente de pesquisadores de São Paulo e do Paraná.
 
 
Artigos científicosPREMI, S. et al. Chemiexcitation of melanin derivatives induces DNA photoproducts long after UV exposure. Science, v. 347, n. 6224, p. 842-847. 19 fev 2015.
CHIARELLI NETO, O. et al. Melanin photosensitization and the effect of visible light on epithelial cells. PLoS ONE. 18 nov. 2014.​

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

PELE ARTIFICIAL

DISPONÍVEL: http://revistapesquisa.fapesp.br/2015/02/04/pele-artificial-2/
ACESSO: 16/02/2015 AS 10:09h.




O país registra cerca de um milhão de pessoas por ano com queimaduras. Desse total, 2.500 morrem. Os acidentes com fogo são a segunda causa de morte na infância no Brasil. Esses números fizeram com que a criação em laboratório de substitutos de pele para uso como enxerto se tornasse um importante foco de pesquisa nos últimos 30 anos. Agora, pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) constataram em ensaios laboratoriais a eficácia de um substituto cutâneo tridimensional tendo em sua composição uma substância extraída de uma árvore nativa do país, a copaibeira (Copaifera langsdorffii). Veja no vídeo produzido pela equipe de Pesquisa FAPESP como esse substituto cutâneo poderá ser usado como possível enxerto no tratamento de queimaduras e lesões graves.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

POR QUE TENHO DE ESTUDAR QUÍMICA???????

      Bem, que professor nunca escutou essa pergunta? E mais, qual aluno nunca a fez ou sentiu vontade de fazer? Pensando nisso, estou disponibilizando algumas justificativas além da clássica: PARA NÃO SER IGNORANTE, NO SENTIDO DE IGNORAR A EXISTÊNCIA!!!!!
Podemos iniciar a partir do conceito básico dessa ciência: QUÍMICA ESTUDA A TRANSFORMAÇÃO DA MATÉRIA........
       A transformação da matéria é o que podemos chamar de "Coração da Química". É na reação química, que transforma os diversos tipos de matéria em substâncias desejadas, que se reunem todos os conhecimentos existentes sobre essa ciência cativante.
      A partir da transformação da matéria rxistente em material necessário, a Química alcança um dos seus objetivos primordiais: servir à sociedade, melhorando as condições de vida e convivência.
      A transformação da matéria, assim vista, é estudada em diversos campos de atuação científica. Daí indagar-se, por exemplo, se os processos biológicos são de natureza química e que a transformação ocorrida nos alimentos, no interior do corpo humano, gerando energia é um processo químico. As pesquisas fundamentadas nas estruturas moleculares das proteínas, hormônios, enzimas, etc. utilizam os conhecmentos da Química; os processos fisiológicos, bem como os detalhes do funcionamento do corpo humano são processos de origem química. 
       Por outro lado, a Química está estreitamente ligada às pesquisas que objetivam diminuir a fome no mundo. A produção de sementes especiais, a fabricação de fertilizantes adequados às realidades, o preparo de pesticidas que alcancem seus objetivos com o mínimo de dano ao homem e ao meio ambiente estão na esfera de pesquisa da Química Agrícola. Isso sem contar nas inúmeras pesquisas que tentam desenvolver nutrientes sintéticos.
       A cada dia que passa, novas ligas são testadas na tentativa de encontrar estruturasmetálicas leves, resistentes, duráveis e de difícil reação, objetivando melhor servir a população e facilitar o avanço da tecnologia. Quem poderia supor, há algumas décadas, a existência do aço inoxidável ou do vidro à prova de bala?
       No campo da energia, a Química participa de maneira intensa e decisiva. Antes, possuíamos apenas as fontes térmicas (geradores a diesel ou a carvão) ou fontes hidroelétricas. Hoje, além dos derivados de petróleo, temos pesquisas satisfatórias sobre fontes alternativas de energia, como o álcool etílico, o baçu, a mandioca, o gás produzido do lixo e as fontes nucleares de energia.
      Ainda no campo da transformação, os materiais sintéticos ocupam um lugar de destaque.Há 50 anos não se imaginava a contribuição e apossibilidade de aplicação dos plásticos e das fibras sintéticas.
      Outro aspecto de vital importância, que significa a valorização da Química na sociedade, é a produção de drogas e medicamentos, que tem contribuido para o prolongamento da vida do homem e para o alívio de suas dores.
      A Química está a serviço da transformação dos produtos existentes na natureza, visando ao bem estar social. A Química não cria a partir do nad; retira da natureza e, no processo de concatenação de reações em situações controladas, transforma a matéria até chegar ao produto final desejado, passando por quantos estágios intermediários sejam necessários. O papel que constitui o seu caderno, sofre uma série de transformações, desde o plantio das árvores em solo preparado até chegar a nós, em forma de papel, recebendo em sua produção as características que nele vemos.
      O fim desse processo, o produto desejado, é tão importante enquanto marco direcionalque, hoje, através da computação gráfica, os químicos podem desenhar a molécula que desejam, com seus componentes dispostos em ângulos, números e proporções desejadas, e prever quais etapas compõem o processo de fabricação do produto desejado.
 
Assim, acredito que você, professor, possa argumentar melhor com seus alunos sobre a importância de se estudar e principalmente estudar QUÍMICA. E aos alunos,  aqui estão boas razões para se dedicarem mais aos estudos!

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

PORQUE O Hg É USADO NA MINERAÇÃO DO Au

DISPONÍVEL: http://www.oeco.org.br/reportagens/26988-porque-o-mercurio-e-usado-na-mineracao-de-ouro%20
ACESSO: 03/02/2015

    Vandré Fonseca - 14/03/13

Homem exibe uma bolota de mercúrio. Companheiro e veneno do dia a dia do garimpo. Foto: Victor Moriyama
Entre as propriedades do mercúrio, está a capacidade da forma orgânica desse elemento se acumular ao longo da cadeia alimentar, causando a contaminação de peixes e o risco de envenenamento de quem deles se alimenta , inclusive seres humanos. A intoxicação por mercúrio pode provocar danos ao sistema neurológico. As consequências podem variar desde dores no esófago e diarreia a sintomas de demência. Depressão, ansiedade, dentes moles por inflamação e falhas de memória também estão entre os sintomas. Um perigo ofuscado pelo brilho do ouro.

Para o garimpeiro, o que importa são outras propriedades do mercúrio. Primeiro, a capacidade de se unir a outros metais e formar amálgamas, o que é fundamental em garimpos, onde os minúsculos grãos de ouro precisam ser separados dos sedimentos dragados de leitos de rios ou da terra escavada. Após esse cascalho passar um período em esteiras, para que os metais se assentem e sejam separados de sedimentos mais leves, o material concentrado é jogado em betoneiras onde é misturado à agua e ao mercúrio.

Os pequenos grãos se agregam com ajuda do mercúrio e podem ser separados com mais facilidade. Em garimpos onde é usado maquinário mais pesado, como balsas, os sedimentos são dragados para dentro de misturadores, chamados pelos garimpeiros de cobra-fumando, onde se costuma também utilizar o mercúrio para evitar que partículas de ouro sejam desperdiçadas. No final, os restos contaminados são despejados no solo ou no rio.

“O mineral na água não é suficiente para causar problemas para a população. O problema é quando ele é transformado em compostos orgânicos, aí ele entra na cadeia trófica, das plantas aos peixes”, afirma Bruce Forsberg, especialista em ecossistemas aquáticos, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

Ponto de liquefação

A capacidade de formar amálgama não é a única propriedade do mercúrio que interessa aos garimpeiros. Ele se liquifica e evapora em temperaturas menores do que o ouro. Portanto, basta um maçarico para separar os dois metais e obter o ouro puro. Quando realizado em ambiente aberto, esta parte do processo libera o mercúrio em forma de gás para a atmosfera.

“Compradores e vendedores de ouro têm mais problemas de envenenamento porque trabalham em ambientes fechados”, diz Forsberg, pois se a operação é feita em locais que confinam o vapor, ele ataca o sistema respiratório ao ser inspirado. Esse gás tóxico e corrosivo também provoca imitações na pele.

De acordo com Forsberg, cerca de metade do mercúrio usado no garimpo evapora e vai para a atmosfera. E quando isso acontece, as conseqüências ultrapassam os limites da floresta. Nos últimos 100 anos, segundo o pesquisador, a concentração de mercúrio na atmosfera aumentou três vezes. Para esse aumento, contribuíram principalmente as indústrias que usam o metal, em particular dos países desenvolvidos. E existe ainda a contribuição dos processos naturais, como vulcões, responsáveis por 1/3 do mercúrio presente na atmosfera. Mas o uso nos garimpos também contribui.

Forsberg alerta sobre um fenômeno menos conhecido: "Em fios de cabelo de pessoas que vivem no Alto Rio Negro, no estudo que fizemos no Amazonas, encontramos concentrações de mercúrio 7 vezes maior do que no Madeira ou Tapajós. E no Alto Rio Negro não temos garimpo", diz. A razão e a combinação entre o mercúrio encontrado naturalmente na região e a presença de bactérias capazes de transformar o metal em compostos orgânicos.