sábado, 5 de dezembro de 2020

RESUMO DO CAPÍTULO 7 – FENOL, DO LIVRO OS BOTÕES DE NAPOLEÃO: As 17 moléculas que mudaram a história

Hoje trouxemos o sétimo capítulo do livro OS BOTÕES DE NAPOLEÃO: As 17 moléculas que mudaram a história, que trata sobre o “Fenol” - molécula aromática simples que consiste em um anel benzênico ligado ao grupo hidroxila (-OH). As propriedades antissépticas do fenol foram descobertas pelo cirurgião britânico Lister, no final do século XIX e devido a isso, muitas amputações deixaram de ser feitas graças ao uso dessa substância nas cirurgias.

O médico Joseph Lister, nascido em 1827 numa família quacre* de Yorkshire, formou-se em medicina no University College, em Londres. Em 1861 trabalhava como cirurgião na Royal Infirmary em Glasgow e lecionava cirurgia na Universidade de Glasgow. Embora um novo e moderno prédio cirúrgico tenha sido inaugurado na Royal Infirmary durante o período em que Lister ali atuou praticando a cirurgia, muitos eram os casos de óbitos. A doença hospitalar era um problema tão grave nessa instituição quanto em qualquer outra. Por isso, Lister procurava uma maneira de eliminar com segurança os germes de todas as superfícies. Com isso, ele escolheu o ácido carbólico para usar nos tratamentos dos pacientes, embora o primeiro paciente não tenha tido resultados positivos, ele experimentou o uso em outros pacientes com fraturas expostas e obteve êxito. No decorrer do tempo, passou-se a usar o ácido carbólico como agente antisséptico em todos os seus procedimentos cirúrgicos, e não apenas como curativo pós-operatório.

Com a instalação dos primeiros lampiões a gás nas ruas de Londres em 1814, outras cidades passaram a fazer uso generalizado do gás para iluminação. Esse gás de hulha era produzido pelo aquecimento da hulha a temperaturas elevadas; tratava-se de uma mistura inflamável — cerca de 50% de hidrogênio, 35% de metano e quantidades menores de monóxido de carbono, etileno, acetileno e outros compostos orgânicos.

À medida que a demanda de gás de carvão crescia, aumentava também o problema do que fazer com o coltar, o resíduo aparentemente sem valor do processo de gaseificação da hulha. Inclusive, o ácido carbólico cru que Lister usou de início era uma mistura destilada a partir do coltar a temperaturas entre 170° e 230°. Esse material era oleoso, escuro e de cheiro muito forte, e queimava a pele. Mas, depois Lister conseguiu obter o principal constituinte do ácido carbólico, o fenol, em sua forma pura, como cristais brancos.

O nome fenol não se aplica somente à molécula antisséptica de Lister; designa um grupo muito grande de compostos inter-relacionados que têm, todos, o grupo -OH diretamente ligado a um anel de benzeno. Isso pode parecer confuso, pois há milhares ou mesmo centenas de milhares de fenóis, mas apenas um “fenol”. Há fenóis feitos pelo homem, como o triclorofenol e os hexilresorcinóis, com propriedades antibacterianas, hoje usados como antissépticos.


Lister desenvolveu também o que veio a ser conhecido como “cataplasma carbólico de massa de vidraceiro”: uma mistura de fenol com óleo de linhaça e um alvejante (pó de giz). A pasta resultante (espalhada sobre uma folha de estanho) era posta, com o lado do cataplasma para baixo, sobre a ferida e atuava como uma crosta, fornecendo uma barreira contra as bactérias.

Apesar da eficácia de seu tratamento, demonstrada pelas taxas de recuperação dos pacientes, Lister não estava convencido de ter alcançado condições totalmente assépticas durante as cirurgias. Pensava que cada partícula de poeira no ar carregava germes, e, num esforço para evitar que esses germes contaminassem as operações, desenvolveu uma máquina que borrifava continuamente fino vapor de uma solução de ácido carbólico no ar, encharcando na verdade a área toda.

A máquina borrifadora de ácido carbólico de Lister realmente evitava a contaminação por micro-organismos, mas tinha efeitos negativos sobre os cirurgiões e outras pessoas na sala de cirurgia. O fenol é tóxico e, mesmo em soluções diluídas, causa descoramento, rachaduras e entorpecimento da pele, além disso a inalação do borrifo fenólico pode causar doenças.

Hoje o fenol raramente é usado como antisséptico; seus efeitos danosos sobre a pele e sua toxicidade o tornaram menos útil que antissépticos desenvolvidos depois dele.

FENÓIS MULTIFACETADOS

ÁCIDO PÍCRICO: Originalmente usado como corante — especialmente para a seda e mais tarde em armamentos, pelos ingleses, na Guerra dos Bôeres e nos estágios iniciais da Primeira Guerra Mundial, é um fenol trinitrado altamente explosivo.

As moléculas picantes capsaicina das pimentas e zingerona do gengibre, podem ser classificadas como fenóis, e algumas moléculas extremamente fragrantes presentes nas especiarias o “EUGENOL no cravo-da-índia e o ISOEUGENOL na noz-moscada”, são da família dos fenóis.

VANILINA - O ingrediente ativo de um de nossos compostos flavorizantes mais amplamente usados, a baunilha, também é um fenol, tendo uma estrutura muito semelhante às do eugenol e do isoeugenol.

TETRAIDROCANABINOL (THC) - O ingrediente ativo da maconha, é um fenol encontrado na Cannabis sativa, o cânhamo indiano. O cânhamo ou maconha é cultivado há séculos por causa das fibras resistentes encontradas no caule, com as quais se fazem cordas excelentes e um tecido rústico, e pelas propriedades suavemente inebriantes, sedativas e alucinógenas da molécula THC que, em algumas variedades de Cannabis, está presente em todas as partes da planta, embora se concentre com mais frequência nos botões de flor da árvore fêmea.

GOSSIPOL - É um composto tóxico, classificado como polifenol porque tem seis grupos -OH em quatro anéis benzênicos diferentes.

Contudo, por mais valiosos que sejam os diferentes derivados do fenol, foi o próprio composto que promoveu as maiores transformações em nosso mundo. Lister também fazia experiências com o ácido carbólico, com o uso de marfim de origem animal para a fabricação de produtos tão diversos quanto pentes, talheres, botões, caixas, peças de jogo de xadrez e chaves de piano.

Para isso, ele matava um número cada vez maior de elefantes por causa das presas, e o marfim ia se tornando cada vez mais escasso e caro. O alarme diante da redução da população de elefantes foi mais perceptível nos Estados Unidos, não pelas razões ecológicas que defendemos atualmente, mas pela popularidade espetacularmente crescente do jogo de bilhar. Bolas de bilhar exigem um marfim de excelente qualidade para que elas rolem perfeitamente.

E quando as reservas de marfim estavam minguando, a ideia de produzir um material artificial para substituí-lo pareceu a melhor providência a se tomar. As primeiras bolas de bilhar artificiais foram feitas com misturas prensadas de substâncias como polpa de madeira, pó de osso e pasta de algodão solúvel, impregnadas de uma resina dura ou revestidas com ela. O principal componente dessas resinas era celulose, muitas vezes numa forma nitrada.

Logo mais tarde, uma versão posterior e mais sofisticada foi feita, usando um polímero baseado na celulose: o celuloide. A dureza e a densidade do celuloide podiam ser controladas durante o processo de fabricação.

CELULOIDE: Foi o primeiro material termoplástico — isto é, um material que podia ser derretido e remodelado muitas vezes num processo que foi o precursor da moderna máquina de moldagem por injeção, método que permite reproduzir objetos repetidamente de maneira pouco onerosa e com mão de obra não qualificada.

Porém, existe um problema considerável que os polímeros baseados em celulose apresentam é que são inflamáveis e, em especial quando a nitrocelulose está envolvida, sua tendência a explodir.

Os fenóis que acabamos de discutir mudaram nossas vidas de muitas maneiras importantes (cirurgia antisséptica, desenvolvimento dos plásticos, fenóis explosivos) e em muitos detalhes (fatores relacionados à saúde, alimentos condimentados, corantes naturais, baunilha a preços acessíveis). Com tão ampla variedade de estruturas, é provável que os fenóis continuem a moldar a história.

Esperamos que vocês tenham gostado do resumo do sétimo capítulo do livro OS BOTÕES DE NAPOLEÃO: As 17 moléculas que mudaram a história.

BOA LEITURA, e se possível FIQUEM EM CASA!!!


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