Ele se dedica a encantar crianças e adolescentes em shows que levam a química de forma prática e divertida. Vive rodeado de pipetas, béquers e reagentes, uma herança da infância quando já gostava de brincar fazendo experimentos. É professor e divulgador da ciência em Minas Gerais e por todo Brasil. Apresentamos a vocês o químico Alfredo Luís Mateus (COLTEC/UFMG), o dono das brincadeiras científicas mais legais sobre química. Conversamos com o professor e ele nos contou de onde vem todo esse repertório.
           Alfredo sempre foi aficionado por experimentos e tornou-se um importante embaixador da química para o público infantil no Brasil. Na infância, em São Paulo, montou um laboratório em casa, seguindo o exemplo de um colega.“Um colega meu da escola tinha um pequeno laboratório no porão de casa. O pai dele trabalhava com química e deu ao filho kits de experimentos. Comecei a frequentar a casa dele e fazíamos algumas tentativas juntos usando reagentes que comprávamos no Centro da cidade. Começamos a perceber que seria bom aprender sobre o que estava acontecendo naqueles experimentos. Entrei no Ensino Médio já sabendo que queria mexer com Química”, conta.
O caminho foi exatamente este, Alfredo se formou em química na Universidade de São Paulo (USP), fez mestrado em Química Inorgânica pela mesma instituição e doutorado em Química Inorgânica pela University of Florida. Desde sempre, se dedicou muito à divulgação da ciência. Ainda na graduação, participou de um grupo para apresentações de experimentos falando de química. Quando começou a lecionar no COLTEC, em BH, retomou a ideia e montou um grupo de teatro com alunos de graduação em Química e o apoio da faculdade de Artes Cênicas. Foram inúmeros shows para estudantes que visitavam a UFMG e, mesmo o grupo não existindo mais, o trabalho continuou. “Montei um grande repertório de experimentos, maneiras de contar histórias e conectá-las à química. Volta e meia sou chamado para palestras e apresentações”, explica.
           O professor participou, no último sábado, da mostra Inova Minas, promovida pela Fapemig. Junto com os colegas Luciano Fatia e Marcos Giovanni, deu um show de química na Praça da Liberdade. Também esteve na 69ª reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que este ano aconteceu na UFMG. Crianças lotaram o estande da Sociedade Brasileira de Química (SBQ) para ver o professor  turma de químicos divertidos. Ele também passeia pelo Brasil a convite da SBQ com uma mostra de experimentos.
Alfredo participou recentemente da produção do vídeo Falo nada, só óleo no INCT MIDAS.
Foto: Sociedade Brasileira de Química
Professor Alfredo na reunião da SBPC 2017. Foto: Sociedade Brasileira de Química

Sobre o público

“Esse contato com o público sempre me anima. Eu vejo as crianças e o retorno direto. Há crianças que assistem 3 ou 4 vezes à mesma apresentação. Tenho retorno legal e a abordagem de muitos professores, como aconteceu na SBPC. Eles querem saber como podem fazer os experimentos que eu faço. É algo que motiva os alunos e acho importante motivar o professor para repensar a maneira de dar aula”, professor Alfredo.

O dia a dia

“Os experimentos estão totalmente conectados com meu trabalho de professor, pois eu mostro em sala de aula. Dou aula no curso técnico de química e na minha sala tenho um monte de caixas onde guardo meus experimentos para usar nas aulas. Quando desenvolvo os experimentos, estou pensando em incentivar meus colegas professores, mas pensando também em mim e nas minhas aulas”, professor Alfredo.

Divulgação da ciência

“Legal é trazer a química tradicional para o século XXI para atrair o aluno. O estudante precisa entender que a ciência tá viva, não é uma coisa que parou lá atrás. Minhas apresentações não têm grandes produções. O foco é na interação com o público, a gente pergunta o tempo todo o que eles acham ou a previsão do que vai acontecer ao final do experimento. Tem humor e brincadeiras para conseguir tocar as pessoas de alguma forma”, professor Alfredo.

Livros e vídeos

         Alfredo Mateus é autor de livros de experimentos como Química na cabeçaQuímica na cabeça 2Quântica para iniciantesCiência na telaConstruindo com PET e Química em questão.
O livro mais recente foi escrito em parceria com o jornalista Iberê Thenório, do canal Manual do Mundo. Os dois fizeram vários vídeos juntos e reuniram alguns trabalhos na obra 50 experimentos para fazer em casa. Uma das ideias com esses livros é contribuir com professores que não conhecem experimentos. Se ele acha que precisa de um laboratório com vidros, reagentes e algo sofisticado, eu queria mostrar que dá para fazer muita coisa com materiais simples. Tanto para o professor quanto para o aluno. A criança que está em casa, assim como os pais, também pode fazer a atividade”, conclui o professor.