segunda-feira, 27 de outubro de 2014

SUGESTÃO DE LEITURAS,que ainda não fiz.....

 

hoffmann
O mesmo e o não-mesmo
Roald Hoffman
Tradução: Roberto Leal Ferreira
Editora Unesp
2007, 344 págs, R$ 50
Esse eu indicaria para quem já gosta de Química e de alguma forma está envolvido com ela, principalmente vestibulandos, graduandos e pós-graduandos. O mesmo e o não-mesmo é um elogio crítico à ciência das moléculas. Roald Hoffmann, prêmio Nobel de Química em 1981 e homem das letras (poeta e dramaturgo), procura seduzir o leitor por meio das dicotomias e contradições que cercam o mundo químico.
“Não há jeito de uma ciência que trata fundamentalmente da mudança ser encarada de modo inteiramente positivo por seres humanos, que são, no fundo, ambivalentes em relação às mudanças”, escreve ele. O livro traz uma coletânea de ensaios curtos (às vezes curtos demais, eu acho) nos quais ele explora as relações da Química com a Economia, a Literatura, a História. “Com seu enfoque levemente junguiano (mantido em nível baixo para não assustar meus colegas de profissão), ele [o livro] fornece algumas indicações sobre como a Química se relaciona com a psique”, explica o autor no prefácio. O problema, a meu ver, é que às vezes Hoffmann pega um pouco pesado na hora de descrever métodos, equações, fórmulas, de modo a assustar (ou entediar) aqueles que não são nem pretendem ser seus colegas de profissão. Mesmo assim, é um livro instigante.

sacks
Tio Tungstênio – Memórias de uma infância química
Oliver Sacks
Tradução: Laura Teixeira Mota
Companhia das Letras
2002, 340 págs., R$ 58
 
Muita gente já conhece Olive Sacks e citaria como seus principais sucessos O homem que confundiu sua mulher com um chapéu, Um antropólogo em Marte, Enxaqueca etc. Mas alguém aí leu Tio Tungstênio? Aposto que poucos.
Neste livro de 2001, o neurologista britânico (radicado nos EUA) não fala sobre seus pacientes nem sobre os mistérios do cérebro. Ele narra sua própria infância, que foi movida pela curiosidade em relação à matéria. O pequeno Oliver encanta-se com o brilho e o peso dos metais, questiona-se sobre a natureza dos materiais, descobre do que é feita a luz, a eletricidade, o átomo. E nesse percurso aproveita para apresentar ao leitor grandes nomes da Química, como Lavoisier, Mendeleiev, Marie Curie, Robert Boyle, entre outros. É um livro que ensina muito sobre o papel que a curiosidade científica na infância, se bem cultivada, pode ter na vida de um ser humano adulto. Você não precisa gostar de Química para ler Tio Tungstênio. E se já curte os livros de Oliver Sacks, vai ser deliciar ainda mais descobrindo como foi a infância do doutor mais charmoso de Nova York. Aí vai um trecho:
“Eu adorava o amarelo do ouro, seu peso. Minha mãe tirava a aliança do dedo e me deixava pegá-la um pouco, comentando que aquele material se mantinha sempre puro e nunca perdia o brilho. ‘Está sentindo como é pesado?’, ela acrescentava. ‘Mais pesado até do que o chumbo.’ Eu sabia o que era chumbo, pois já segurava os canos pesados e maleáveis que o encanador uma vez esquecera lá em casa. O ouro também era maleável, minha mãe explicou, por isso, em geral, o combinavam com outro metal para torná-lo mais duro.”

primoA tabela periódica
Primo Levi
Tradução: Luiz Sérgio Henriques
Relume-Dumará
1994, 255 págs.
Este livro do italiano Primo Levi foi escolhido em 2006 pela Royal Institution britânica como o melhor livro de ciência de todos os tempos, tendo ganhado de concorrentes como Charles Darwin e Richard Dawkins. O que espanta é que A tabela periódica não trata de ciência, nem sequer pode ser classificado como divulgação científica. São apenas as memórias de um químico judeu, sobrevivente de Auschwitz, que se tornou um grande escritor. Por causa dos distúrbios da guerra, Levi não conseguiu seguir carreira acadêmica, mas trabalhou toda a vida na indústria química (exceto no período em que foi prisioneiro dos nazistas). Cada capítulo tem o nome de um elemento químico, que ele associa, direta ou metaforicamente, a uma etapa de sua vida. Você pode até odiar Química, mas será difícil ficar indiferente à beleza de seus relatos. Esse parágrafo é um de meus favoritos:
“Destilar é bonito. Antes de tudo, porque é um ofício lento, filosófico e silencioso, que te mantém ocupado, mas deixa tempo para pensar noutras coisas, um pouco como andar de bicicleta. Mais ainda, porque comporta uma metamorfose: de líquido a vapor (invisível), e deste novamente a líquido; mas neste caminho duplo, para cima e para baixo, atinge-se a pureza, condição ambígua e fascinante, que parte da química e vai muito longe. E finalmente, quando te propões a destilar, adquires a consciência de repetir um rito já consagrado por séculos, quase um ato religioso em que a partir de uma matéria imperfeita obténs a essência, o usía, o espírito e, em primeiro lugar, o álcool, que alegra o ânimo e aquece o coração. Levei dois dias inteiros para obter uma fração de pureza satisfatória: para esta operação, dado que devia trabalhar continuamente com chama, me fechei voluntariamente num pequeno aposento do primeiro andar, deserto e vazio, distante de toda a presença humana.”

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