Disponivel: https://olhardigital.com.br/video/descubra-a-quimica-que-existe-dentro-do-seu-smartphone/59463
Acesso: 14/03/2018 as 16:30
quarta-feira, 14 de março de 2018
segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018
Indicação de leitura.....O MUNDO DE MENDELEIEV de Paul Strathern
Descrição:
Em 17 de fevereiro de 1869, o
cientista russo Dmitri Mendeleiev debatia-se com um problema: como
colocar ordem na então recente ciência da química? Exausto, caiu
adormecido sobre sua mesa de trabalho e teve um sonho que lhe anunciava a
chave para montar a Tabela Periódica dos elementos. Um sonho que iria
mudar fundamentalmente o modo como vemos o mundo.
Em O sonho de Mendeleiev, Paul Strathern decanta a sensacional
história da busca dos elementos químicos, desde os físicos gregos,
passando pela química medieval, até chegar à fissão do átomo. Com texto
fluente e bem-humorado, o autor explica as sucessivas descobertas no
campo da química, além de traçar as biografias de seus protagonistas:
Hermes Trismegisto, Paracelso, Avicena, Giordano Bruno, Nicolau de Cusa,
Galileu Galilei, Johann Becher, Robert Boyle, Henry Cavendish e Antoine
Lavoisier, entre outros.
Mestre dos textos introdutórios, Strathern usa seu talento para
recriar e alinhavar a instigante história da pergunta: de que matéria o
mundo é feito?
"Uma história maravilhosa que mostra os esforços da humanidade para compreender do que é feita a matéria." The observatur
"Muito bem escrito, competente e repleto de episódios deliciosos
(...) Paul Strathern realizou a notável proeza de tornar
interessantíssima a história da química." The Herald Tribune.
DISP http://zahar.com.br/livro/o-sonho-de-mendeleiev
ONÍVEL:Indicação de leitura...... OS BOTÕES DE NAPOLEÃO: As 17 moléculas que mudaram a História
Descrição:
Será que podemos explicar o fracasso da campanha de Napoleão na Rússia,
em 1812, por algo tão insignificante quanto um botão? Quando exposto a
temperaturas baixas, o estanho se esfarela, e todas as fardas dos
regimentos de Napoleão eram fechadas com botões feitos desse material.
Com estilo cativante, temperado com diversas histórias curiosas, a professora de química Penny Le Couteur e o químico industrial Jay Burreson fazem uma fascinante análise de 17 grupos de moléculas que, como o estanho daqueles botões, influenciaram o curso da história. Essas moléculas produziram grandes feitos na engenharia e provocaram importantes avanços na medicina e no direito. Além disso, determinaram o que hoje comemos, bebemos e vestimos.
Ao revelar as espantosas conexões químicas que unem eventos aparentemente não relacionados, os autores esclarecem que:
- Por causa da química, a colônia Nova Amsterdã tornou-se Nova York.
- Um contratempo na limpeza da cozinha com um avental de algodão resultou no desenvolvimento dos explosivos modernos e da indústria cinematográfica.
- A ânsia dos europeus pela cafeína - um alcalóide que vicia - levou à Revolução Chinesa.
- Foi um laboratório químico que, em busca de um analgésico potente, criou a heroína.
'Em geral não paramos para pensar na história ou na composição química de especiarias, borracha, nicotina, penicilina ou um sem-número de produtos que mudaram o mundo. Isso é belamente realizado em Os botões de Napoleão, com sua brilhante mescla de química e cultura. O livro é estimulante e de leitura extremamente agradável.'
Com estilo cativante, temperado com diversas histórias curiosas, a professora de química Penny Le Couteur e o químico industrial Jay Burreson fazem uma fascinante análise de 17 grupos de moléculas que, como o estanho daqueles botões, influenciaram o curso da história. Essas moléculas produziram grandes feitos na engenharia e provocaram importantes avanços na medicina e no direito. Além disso, determinaram o que hoje comemos, bebemos e vestimos.
Ao revelar as espantosas conexões químicas que unem eventos aparentemente não relacionados, os autores esclarecem que:
- Por causa da química, a colônia Nova Amsterdã tornou-se Nova York.
- Um contratempo na limpeza da cozinha com um avental de algodão resultou no desenvolvimento dos explosivos modernos e da indústria cinematográfica.
- A ânsia dos europeus pela cafeína - um alcalóide que vicia - levou à Revolução Chinesa.
- Foi um laboratório químico que, em busca de um analgésico potente, criou a heroína.
'Em geral não paramos para pensar na história ou na composição química de especiarias, borracha, nicotina, penicilina ou um sem-número de produtos que mudaram o mundo. Isso é belamente realizado em Os botões de Napoleão, com sua brilhante mescla de química e cultura. O livro é estimulante e de leitura extremamente agradável.'
Tem 344 páginas e custa em torno de R$ 38,90.
DISPONÍVEL: https://www.saraiva.com.br/os-botoes-de-napoleao-as-17-moleculas-que-mudaram-a-historia-1392851.html
ACESSO: 05/02/2018 as 15:22.
Qual o papel da química
na história? É o que se propõem a responder os químicos Penny Le
Couteur e Jay Burreson em "Os Botões de Napoleão - As 17 Moléculas que
Mudaram a História". Suas respostas são surpreendentes e capazes de
se... - Veja mais em
https://educacao.uol.com.br/resenhas/botoes-de-napoleao.htm?cmpid=copiaecola
Qual o papel da química
na história? É o que se propõem a responder os químicos Penny Le
Couteur e Jay Burreson em "Os Botões de Napoleão - As 17 Moléculas que
Mudaram a História". Suas respostas são surpreendentes e capazes de
se... - Veja mais em
https://educacao.uol.com.br/resenhas/botoes-de-napoleao.htm?cmpid=copiaecola
quarta-feira, 31 de janeiro de 2018
Indicação de leitura..... A COLHER QUE DESAPARECE, de Sam Kean
Descrição
Um passeio pelas mais surpreendentes histórias
envolvendo a descoberta, o uso e a criação dos 118 elementos químicos da
tabela periódica. Uma colher que desaparece quando colocada no chá
quente, uma bizarra corrida pelo ouro causada por um elemento (telúrio)
que tem cheiro de alho, um poeta que enlouqueceu ao ingerir lítio para
se tratar de uma doença. Esses são alguns dos misteriosos casos que Sam
Kean conta para explicar com clareza os conceitos científicos e narrar
de maneira saborosa casos engraçados e aterradores sobre os átomos que
nos cercam. Pelo caminho, o autor aborda a história dos avanços
científicos, desde a descoberta do átomo até a criação de elementos
artificiais, passando pela invenção da tabela periódica e pelo estudo da
radioatividade. Mostra também como a vida humana se modificou devido ao
cobre (usado em moedas por ser “autoestéril”), ao silício (utilizado na
revolução da informática) e ao urânio (um dos grandes responsáveis pela
bomba atômica). Uma narrativa envolvente que nos guia através dos
segredos dos elementos químicos. A propósito: a colher que desaparece é
feita de gálio, elemento 31 da tabela periódica, metal com a estranha
propriedade de ficar no estado líquido acima de 29ºC, temperatura
inferior à de qualquer cafezinho.
O livro custa em torno de R$ 48,90 e tem 276 encantadoras páginas. Boa leitura.
DISPONÍVEL: https://www.saraiva.com.br/a-colher-que-desaparece-loucura-amor-morte-e-a-historia-do-mundo-a-partir-da-tabela-periodica-3534951.html
DISPONÍVEL: https://www.saraiva.com.br/a-colher-que-desaparece-loucura-amor-morte-e-a-historia-do-mundo-a-partir-da-tabela-periodica-3534951.html
Indicação de leitura.... O POLEGAR DO VIOLINISTA, de Sam Kean
Descrição
O renomado jornalista Sam Kean conta a história
da genética, de Mendel e suas ervilhas até os dias de hoje, em que
exames de ponta são capazes de detectar doenças que poderemos
desenvolver. Ele mostra como, em algum ponto no emaranhado de fitas do
DNA, se encontra a solução de muitos mistérios da espécie humana. Dentre
eles, a grande saga sobre o lugar de onde viemos e como evoluímos a
ponto de dominar o planeta como nenhuma outra espécie havia conseguido
antes. Tudo isso entremeado a fantásticas narrativas protagonizadas pelo
DNA: as mulheres grávidas que transmitiam câncer aos filhos ainda não
nascidos; os sobreviventes de bombas nucleares; a morte precoce dos
primeiros exploradores do ártico; o cientista russo que teria criado um
híbrido de homem e chimpanzé; e até mesmo casos em que, como o do
violinista virtuose Paganini, a ciência esclarece a arte.
O livro tem 337 páginas e custa em torno de R$ 42,90. É uma excelente forma de aprender sobre genética de forma prazerosa e certamente mais agradável do que as formas convencionais.
Boa leitura.
DISPONÍVEL: https://www.saraiva.com.br/o-polegar-do-violinista-e-outras-historias-da-genetica-sobre-amor-guerra-e-genialidade-5186918.html
DISPONÍVEL: https://www.saraiva.com.br/o-polegar-do-violinista-e-outras-historias-da-genetica-sobre-amor-guerra-e-genialidade-5186918.html
terça-feira, 30 de janeiro de 2018
Processo químico da bioluminescência de fungos é reciclável e flexível
DISPONÍVEL: http://revistapesquisa.fapesp.br/2017/04/26/iluminacao-natural/
ACESSO: 30/01/2018 as 12:02
POR: MARIA GUIMARÃES | Edição Online 15:00 26 de abril de 2017.
ACESSO: 30/01/2018 as 12:02
POR: MARIA GUIMARÃES | Edição Online 15:00 26 de abril de 2017.
Uma rua iluminada por árvores brilhantes, em vez de postes e lâmpadas. A
imagem parece um sonho, mas não chega a ser impossível para o químico
Cassius Stevani, professor no Instituto de Química da Universidade de
São Paulo (IQ-USP). “Mas é preciso tomar cuidado, não queremos que a
floresta natural emita luz à noite”, alerta. Mesmo fora do horizonte da
realidade, o cenário de ficção científica está enraizado na pesquisa de
Stevani com fungos bioluminescentes, principalmente da espécie Neonothopanus gardneri, da Mata dos Cocais, no Piauí.
Ele e uma série de colaboradores, sobretudo russos e brasileiros,
acabam de desvendar uma parte importante das reações químicas que
iluminam cogumelos de verde, conforme mostra artigo publicado no dia 26
de abril no site da revista Science Advances.
Um ponto importante do estudo foi descobrir que a hispidina, uma
molécula com propriedades farmacológicas presente em boa parte das
plantas, é precursora da luciferina, substrato essencial à produção de
luz nos fungos. A hispidina também está em cogumelos não luminescentes,
nos quais é responsável por uma cor alaranjada e por protegê-los contra
os danos causados pela luz solar.
De acordo com a sequência de reações químicas revelada pelo grupo de
pesquisadores, a luciferina reage com oxigênio por ação da enzima
luciferase e dá origem à oxiluciferina excitada, que, ao decair para o
estado fundamental, emite um fóton – e, portanto, luz. Depois disso, a
oxiluciferina sofre ação de outra enzima e dá origem ao ácido cafeico.
Essa é outra descoberta importante porque o ácido cafeico já era
conhecido como precursor da hispidina. Assim, Stevani explica que o
ciclo se fecha. “Há uma reciclagem das moléculas envolvidas na
bioluminescência, o que explica a pequena quantidade de hispidina
existente nos fungos: ela é constantemente formada, em seguida reage e o
ciclo da bioluminescência continua.” Como esse processo consome
oxigênio, pode ser uma maneira de o organismo combater danos por
estresse oxidativo.
Árvores e outras plantas também produzem ácido cafeico, e vem daí a
brincadeira de sugerir a manipulação genética de modo que produzam as
enzimas necessárias para completar a reação e brilhem. “Também seria
possível produzir orquídeas luminescentes para o comércio de plantas
ornamentais”, imagina o químico. O bioquímico norte-americano Hans
Waldenmaier, que no ano passado terminou o doutorado sob orientação de
Stevani, está justamente com planos de montar uma empresa para produzir
plantas bioluminescentes em seu país natal. O intuito não é apenas
decorativo. “Talvez um dia seja possível usar esse sistema como repórter
para seguir processos biológicos de plantas e aplicar a problemas de
saúde humana”, diz o professor do IQ-USP. Proteínas fluorescentes usadas
como marcador genético luminoso, ou repórter, renderam a Osamu
Shimomura, Roger Tsien e Martin Chalfie o prêmio Nobel de Química em
2008 exatamente pela importância na visualização de processos
bioquímicos. Naquele caso se tratava de uma proteína fluorescente
produzida por medusas, amplamente usada em laboratórios do mundo todo.
Química produtiva
Os resultados obtidos no artigo da Science Advances nasceram da colaboração entre Stevani e o químico russo Ilia Yampolsky, do Instituto de Química Bio-orgânica, em Moscou, uma parceria que surgiu de maneira inusitada. Quando soube, por relato de alunos que voltavam de um congresso internacional, que Yampolsky buscava caracterizar moléculas responsáveis pela bioluminescência de fungos, o brasileiro entrou em contato para propor unir esforços. Mas chegou tarde demais: os resultados já estavam submetidos para publicação, a partir de culturas de um fungo muito semelhante ao brasileiro: era Neonothopanus nambi, originário do Vietnã. Na disputada corrida acadêmica, a derrota para um pesquisador com um histórico mais recente de pesquisa nesse tema poderia ser motivo para despeito e inimizade. Aconteceu o contrário. Para chegar aos resultados apresentados na Science Advances, cada um contribuiu com sua especialidade – o russo em síntese de compostos orgânicos e o brasileiro em mecanismos químicos. Em São Paulo, também participaram os químicos Erick Bastos e Paolo di Mascio, do IQ, e Anderson Oliveira, do Instituto Oceanográfico, além dos farmacêuticos Felipe Dörr e Ernani Pinto, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, todos da USP.
Os resultados obtidos no artigo da Science Advances nasceram da colaboração entre Stevani e o químico russo Ilia Yampolsky, do Instituto de Química Bio-orgânica, em Moscou, uma parceria que surgiu de maneira inusitada. Quando soube, por relato de alunos que voltavam de um congresso internacional, que Yampolsky buscava caracterizar moléculas responsáveis pela bioluminescência de fungos, o brasileiro entrou em contato para propor unir esforços. Mas chegou tarde demais: os resultados já estavam submetidos para publicação, a partir de culturas de um fungo muito semelhante ao brasileiro: era Neonothopanus nambi, originário do Vietnã. Na disputada corrida acadêmica, a derrota para um pesquisador com um histórico mais recente de pesquisa nesse tema poderia ser motivo para despeito e inimizade. Aconteceu o contrário. Para chegar aos resultados apresentados na Science Advances, cada um contribuiu com sua especialidade – o russo em síntese de compostos orgânicos e o brasileiro em mecanismos químicos. Em São Paulo, também participaram os químicos Erick Bastos e Paolo di Mascio, do IQ, e Anderson Oliveira, do Instituto Oceanográfico, além dos farmacêuticos Felipe Dörr e Ernani Pinto, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, todos da USP.
Além de elucidarem as moléculas presentes na reação de
bioluminescência, eles viram que a luciferase é versátil. Yampolski
sintetizou variações da luciferina, que, ao reagir com a luciferase,
também gera luz. Como essas moléculas não são produzidas pelos fungos, a
reação foi produzida dentro de um aparelho, o luminômetro, que acusou a
presença de luz. A diferença é que ela teria um comprimento de onda
distinto do verde observado na natureza e, caso a reação acontecesse na
natureza, seria possível ver cogumelos brilhando em outras cores, como
as imagens alteradas que ilustram esta reportagem: uma “licença
poética”, nas palavras do químico brasileiro.
Entre a química pura, a ficção e aplicações tecnológicas, Stevani
ainda passeia pela biologia ao investigar o significado ecológico da
luminescência dos cogumelos. Os resultados obtidos por Waldenmaier em
sua pesquisa de doutorado ainda estão sendo preparados para publicação,
mas já dá para dizer que filmagens e experimentos em campo sugerem que o
brilho atrai insetos e cria um verdadeiro ecossistema em miniatura. Os
cogumelos parecem ser um ponto de encontro para vagalumes, que os
visitam aos pares. Baratinhas douradas comem o fungo e são caçadas por
aranhas. Todos, Stevani sugere, atraídos pela luz que se propaga bem
mais do que o cheiro no ambiente da floresta. Enquanto isso tudo
acontece, os animais se recobrem de esporos e ajudam a disseminá-los.
Afinal, crescendo perto do chão onde há mais umidade, falta vento para
soprar as partículas reprodutivas. Na colaboração, todos parecem sair
ganhando.
Projeto
Bioluminescência em fungos: levantamento de espécies, estudo mecanístico & ensaios toxicológicos (nº 13/16885-1); Modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular; Pesquisador responsável Cassius Vinicius Stevani (USP); Investimento R$ 183.183,40 + US$ 58.141,94.
Bioluminescência em fungos: levantamento de espécies, estudo mecanístico & ensaios toxicológicos (nº 13/16885-1); Modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular; Pesquisador responsável Cassius Vinicius Stevani (USP); Investimento R$ 183.183,40 + US$ 58.141,94.
Artigo científico
KASKOVA, Z. M. et al. Mechanism and color modulation of fungal bioluminescence. Science Advances. 26 abr. 2017.
KASKOVA, Z. M. et al. Mechanism and color modulation of fungal bioluminescence. Science Advances. 26 abr. 2017.
Como fungos usam química para brilhar no escuro da mata
DISPONÍVEL: https://www.youtube.com/watch?v=Ril7v3BP1dM#action=share
ACESSO: 30/01/2018 as 12h.
Há 15 anos, Cassius Stevani, do Instituto de Química da USP, busca desvendar reações químicas que iluminam cogumelos de verde. Ele destaca a importância de entender o processo da bioluminescência dos fungos, principalmente da espécie Neonothopanus gardneri.
ACESSO: 30/01/2018 as 12h.
Há 15 anos, Cassius Stevani, do Instituto de Química da USP, busca desvendar reações químicas que iluminam cogumelos de verde. Ele destaca a importância de entender o processo da bioluminescência dos fungos, principalmente da espécie Neonothopanus gardneri.
Enzima transforma planta em abajur
DISPONÍVEL:
ACESSO: 30/01/2018 as 11:54
ACESSO: 30/01/2018 as 11:54
Um maço de agrião que emite luz por até quatro horas, de forma fraca,
mas capaz de iluminar as páginas de um livro, foi concebido nos
laboratórios do Departamento de Engenharia Química do Instituto de
Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos. Usando clones das
enzimas luciferase e luciferina de vagalume, os pesquisadores do MIT e
da Universidade da Califórnia conseguiram fazer pés de agrião, rúcula,
couve e espinafre emitirem luz. Para transportar a luciferase ao
interior das folhas, eles utilizaram nanopartículas de sílica. A
luciferina foi envolta em um polímero biodegradável de dimensões
nanométricas. A incorporação das enzimas nas folhas ocorreu em duas
etapas. Na primeira, as plantas foram mergulhadas em uma solução com as
nanopartículas em suspensão. Depois, solução e plantas foram submetidas a
alta pressão para as nanopartículas penetrarem nos poros (estômatos)
das folhas. A luciferase se instala nas camadas mais superficiais das
folhas e a luciferina é liberada gradualmente pelo polímero. A reação
química entre elas gera luz. O grupo, liderado por Michael Strano, do
MIT, pretende usar as plantas para iluminação.
EM: Revista PESQUISA/FAPESP ED. 263 | JANEIRO 2018.
O jambu, além da culinária, é utilizado em cosméticos e poderá ter uso na odontologia e como acaricida
DISPONÍVEL: http://revistapesquisa.fapesp.br/2018/01/16/planta-ecletica/
ACESSO: 30/01/2018 as 11:42
ACESSO: 30/01/2018 as 11:42
Originário da região amazônica, o jambu (Acmella oleracea) é
uma hortaliça muito utilizada na culinária do norte do Brasil,
principalmente no Pará, em pratos famosos como o tacacá e o pato no
tucupi. Além da alimentação, a planta é usada pelos povos indígenas e
ribeirinhos como analgésico e anestésico para tratar aftas, herpes,
dores de dente e garganta. Duas outras propriedades conhecidas dessa
planta, a de fungicida e de combate a ácaros, despertaram o interesse de
alguns pesquisadores com o objetivo de desenvolver medicamentos.
A analgesia é a característica do jambu que atrai maior atenção,
tanto nos apreciadores das iguarias, que sentem a dormência na boca
durante a refeição, como nos pesquisadores. Já se sabe, desde os anos
1950, que os efeitos anestésicos e analgésicos são provocados pela
substância espilantol, embora não existam medicamentos comerciais com
essa base. São informações que fizeram o farmacêutico industrial Rodney
Alexandre Ferreira Rodrigues, professor do Centro Pluridisciplinar de
Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA) e da Faculdade de
Odontologia de Piracicaba (FOP), ambos da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp), desenvolver um filme (película fina) odontológico em
colaboração com a mestranda Verônica Santana de Freitas-Blanco.
“Nosso objetivo foi produzir um pré-anestésico de uso oral para o
paciente suportar a dor da agulha na anestesia”, explica Rodrigues.
“Purificamos o extrato da planta e produzimos um filme para incorporar o
produto. Hoje, o extrato também está em testes em nosso laboratório
para o uso no combate à mucosite – inflamação nas partes internas da
boca e da garganta, que é um efeito colateral em pacientes de
quimioterapia.”
Rodrigues conta que seu grupo desenvolveu um processo para a obtenção
do extrato de jambu com melhor aproveitamento do espilantol. De acordo
com ele, o método, já com pedido de patente depositado no Instituto
Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), é mais simples e rápido do
que os tradicionais, porque possui poucas etapas e utiliza reagentes
atóxicos e mais baratos. “Outra vantagem é que nosso processo de
purificação elimina pigmentos verdes da clorofila, que dão uma cor
indesejada ao extrato, principalmente para uso cosmético”, explica
Rodrigues. “Essa coloração não é bem-aceita pelo mercado.”
A Unicamp licenciou a patente do processo de extração do extrato de
jambu para a empresa Brasil Aromáticos, de São Paulo, que pretende
usá-lo em um futuro próximo. Hoje, a empresa compra no mercado, para uso
em cosméticos, o quilo do extrato comum, sem purificação, por R$ 10
mil. “Licenciamos a patente e agora estamos verificando a possibilidade
de fazer uma fábrica de extratos e incentivar a plantação de jambu aqui
na região Sudeste”, conta Raquel da Cruz, sócia-fundadora da Brasil
Aromáticos. “Nossa estimativa é de que o preço do quilo fique em torno
de R$ 3 mil.” A empresa, que fatura R$ 2,5 milhões por ano e exporta
seus produtos para vários países, utiliza o extrato de jambu em um
lubrificante sexual.
O processo de produção do extrato de jambu desenvolvido na Unicamp
também está sendo usado para a elaboração de produtos acaricidas,
capazes de controlar os carrapatos do boi, o Rhipicephalus microplus, e do cavalo, o Amblyomma cajennense,
conhecido como carrapato-estrela. O estudo, iniciado em 2015, é do
doutorando em ciências biológicas Luís Adriano Anholeto, da Universidade
Estadual Paulista (Unesp) em Rio Claro, sob a orientação das
professoras Maria Izabel Camargo-Matias e Patrícia Rosa de Oliveira.
Os resultados até agora obtidos por Anholeto demonstram que o extrato
do jambu afeta as células germinativas dos carrapatos (tanto dos machos
como das fêmeas), comprometendo a reprodução desses âcaros. Segundo
ele, a partir da obtenção desse novo conhecimento, abre-se a
possibilidade de futuramente ser criado um acaricida de origem vegetal.
“A ideia é desenvolver um produto que cause menos danos aos animais e ao
ambiente do que os disponíveis no mercado”, explica Anholeto.
A pesquisadora da área de sanidade animal Karina Neoob de Carvalho
Castro, da Embrapa Meio-Norte, uma unidade da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa), localizada em Parnaíba (PI), também
trabalha em conjunto com o grupo da Unesp e pretende desenvolver um
repelente natural com jambu. Os estudos começaram em 2012 e são
realizados em parceria com outras unidades da Embrapa e universidades.
“Foi produzido um extrato com ação acaricida sobre fêmeas e larvas de
carrapato em testes em laboratório”, conta Karina. “Em 2014, mostramos
que o extrato prejudica a reprodução de fêmeas de carrapato ingurgitadas
– que estão prontas para fazer a postura de 3 mil ovos, em média – com
uma eficácia de até 98,2%.” Com isso, a Embrapa pretende desenvolver um
repelente com jambu que possa ser utilizado em animais jovens, que são
aqueles mais sensíveis aos produtos convencionais.
Sob a liderança da bióloga Ana Carolina Chagas, os pesquisadores vão
avaliar a estabilidade de uma formulação nos animais, em análises
toxicológicas e testes pré-clínicos. Karina ressalta que muitos produtos
vindos da natureza, não sintéticos, necessitam de desenvolvimento de
formulações que possam manter a vida útil do repelente em atividade nos
animais. A parceria entre a Embrapa e universidades poderá render um
repelente inédito produzido com recursos da biodiversidade da Amazônia.
Projetos
1. Desenvolvimento e avaliação de formulações tópicas contendo espilantol para uso no tratamento da mucosite oral (nº 14/16186-9); Modalidade Auxílio à pesquisa – Regular; Pesquisador Responsável Rodney Alexandre Ferreira Rodrigues (Unicamp); Investimento R$ 89.983,26.
2. O jambu (Acmella oleracea) e sua ação acaricida: I.
Estudo dos efeitos sobre a morfofisiologia dos sistemas reprodutores
masculino e feminino de Amblyomma cajennense (Fabricius, 1787) (Acari:
Ixodidae) (nº 15/01496-5); Modalidade Bolsa de Doutorado; Pesquisadora Responsável Maria Izabel Souza Camargo (Unesp); Bolsista Luís Adriano Anholeto; Investimento R$ 125.702,46.
Artigos científicos
FREITAS BLANCO, V. S., FRANZ-MONTAN, M. et al. Development and evaluation of a novel mucoadhesive film containing acmella oleracea extract for oral mucosa topical anesthesia. PLOS ONE. On-line. set. 2016.
CASTRO, K. N. C.; ANHOLETO, L. A. et al. Cytotoxic effects of extract of acmella oleraceae (Jambu) in rhipicephalus microplus females ticks. Microscopy research and technique. On-line. ago. 2016.
EM: Pesquisa/FAPESP ED. 263 | JANEIRO 2018
Entomologista defende o uso do controle biológico para combater pragas da lavoura
DISPONÍVEL: http://revistapesquisa.fapesp.br/2017/11/24/jose-roberto-postali-parra-agricultor-dos-insetos/?cat=entrevista
ACESSO: 30/01/2018
ACESSO: 30/01/2018
No final de 2014, ao completar 70 anos, o engenheiro-agrônomo José
Roberto Postali Parra aposentou-se compulsoriamente da Escola Superior
de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), unidade da Universidade de São
Paulo (USP) em Piracicaba da qual fora diretor. Mas o especialista em
controle biológico de pragas agrícolas nem cogitou abandonar suas
pesquisas no Departamento de Entomologia e Acarologia da escola.
“Batalhei a vida toda e não vou parar de trabalhar agora que chegou a
vez de o controle biológico se firmar na agricultura brasileira”,
comenta. Essa forma de combate a pragas que afetam as plantações usa os
próprios inimigos naturais, como insetos, ácaros e até microrganismos,
para atacar os problemas da lavoura. Em vez de lançar mão de um
inseticida químico, cujo uso abusivo pode ser nocivo para o homem e o
ambiente, o agricultor tenta destruir ou ao menos reduzir a presença do
agente agressor com o auxílio, por exemplo, de uma pequena vespa ou de
um fungo presente na natureza.
Parra dedicou mais de quatro décadas de pesquisa para entender a
biologia e a interação com o meio ambiente de inimigos naturais de
pragas, como a broca-da-cana-de-açúcar e o greening dos
laranjais, e desenvolveu métodos para reproduzir em laboratório insetos e
ácaros que têm prestado um bom serviço ao homem do campo. Ponderado,
admite que o controle biológico não é a solução para todas as pragas,
mas pode ser útil e ajudar a diminuir o emprego de agroquímicos na
lavoura. “O Brasil é o campeão mundial no uso de produtos químicos na
agricultura”, diz. “Nosso agricultor tem essa cultura.” Nesta
entrevista, Parra conta histórias de insetos e de pragas da lavoura
nacional e comenta sobre temas importantes da agricultura brasileira,
como o emprego de variedades transgênicas e a adoção de práticas
orgânicas.
Idade |
73 anos |
Especialidade |
Controle biológico de pragas na agricultura |
Formação |
Graduação em engenharia agronômica (1968), mestrado (1972) e doutorado (1975) em entomologia pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP) |
Instituição |
Esalq-USP |
Produção científica |
341 artigos científicos, 20 livros escritos ou organizados, orientou 61 mestres e 50 doutores |
Sua trajetória envolve muitas mudanças. O que conduz esses movimentos? Em qual cultivo o controle biológico é mais empregado no Brasil?
A cana-de-açúcar é o exemplo clássico. Hoje se planta entre 9 e 10
milhões de hectares de cana em São Paulo. Quase metade da área de cana
paulista é controlada biologicamente. O combate à mariposa conhecida
como broca-da-cana [Diatraea saccharalis] e à cigarrinha Mahanarva fimbriolata, uma praga que ataca a raiz da planta, é feito dessa forma. A lagarta da broca é destruída com a liberação da vespinha Cotesia flavipes, um inseto de Trinidad e Tobago que foi introduzido no país em 1971. A Cotesia é usada em 3,5 milhões de hectares de cana. A vespinha Trichogramma galloi,
com que trabalho, tem sido utilizada para combater o ovo da broca em
cerca de 500 mil hectares de cana. Podem ser empregados diferentes
inimigos naturais para atacar diferentes fases dessas pragas. As fases
de desenvolvimento dos insetos são ovo, lagarta, pupa e adulto. Para o
controle da cigarrinha da cana, é usado um fungo chamado Metarhizium anisopliae.
Quais outras culturas têm usado esse método?
Tem uma história interessante que envolve o controle biológico do greening dos citros, doença também conhecida na Ásia como HLB ou Huanglongbing, que deixa amareladas as folhas da laranjeira, secando as plantas. O greening é causado pelas bactérias Candidatus Liberibacter que são transmitidas às plantas por um pequeno inseto, o psilídeo Diaphorina citri. Por causa do greening,
os citricultores começaram a aplicar inseticida no pomar de 20 a 30
vezes ao ano, de forma desenfreada, para matar o psilídeo. Nós tentamos
fazer o controle biológico por meio da soltura de vespinhas da espécie Tamarixia radiata,
que é originária da Ásia, mas foi encontrada aqui em São Paulo.
Liberávamos as vespas nos pomares, mas elas morriam. Os pomares tinham greening, mas não tinham o psilídeo Diaphorina citri.
Por que então havia a doença?
Descobriu-se que os focos primários da doença vinham de áreas que
estavam fora dos pomares, de áreas orgânicas, de fundo de quintal, de
murta, planta hospedeira do psilídeo, e de pomares abandonados. O
Fundecitrus [Fundo de Defesa da Citricultura] estimou que essas áreas
vizinhas chegavam a 12 mil hectares. Começamos então a liberar as vespas
nessas áreas para evitar os focos primários. Deu resultado. Hoje a
empresa Citrosuco tem cinco biofábricas de vespas, a Fundecitrus tem
outra e há um agricultor começando a criação desses insetos. Agora, os
citricultores põem na beirada do pomar iscas, armadilhas amarelas com
cola, que detectam o momento em que o psilídeo chega no laranjal. Na
Flórida, Estados Unidos, o greening praticamente acabou com a
citricultura. Eles sabiam fazer o controle biológico, mas não o fizeram.
Achavam que apenas melhorando a nutrição da planta conseguiriam
combater a doença. Sozinho, o controle biológico não resolve todos os
problemas. Ele é um dos componentes do MIP, o Manejo Integrado de
Pragas, que apareceu entre o fim dos anos 1960 e o início dos 1970. É
preciso usar mudas sadias, erradicar as plantas doentes e aplicar o
inseticida sem exageros.
Os Estados Unidos não são fortes em controle biológico de pragas?
Na verdade, eles não usam tanto o controle biológico como preconizam nos
livros que publicam sobre o tema. A cultura deles também é de uso de
produtos químicos. Isso vale até na Califórnia. O MIP foi uma política
pública iniciada na era de Richard Nixon [presidente de 1969 a 1974].
Vieram outros presidentes e, no final do governo Clinton [1983-1992],
ficou estabelecido que 75% dos agricultores americanos teriam de fazer
MIP. Mas eles só atingiram de 4% a 8%. Não é fácil. Hoje há grandes
empresas de controle biológico. A líder é a Koppert, holandesa. A
segunda é a Biobest, belga. A terceira é a BioBee, de Israel. Atualmente
as grandes multinacionais de inseticidas, como Bayer, Syngenta e
Monsanto, também têm empresas de controle biológico. Onde se utiliza
mais esse sistema é na Europa, sobretudo na Holanda e Espanha. O momento
é mágico para o Brasil no controle biológico. Estou aposentado, fiz 70
anos no fim de 2014. Mas não paro de trabalhar por causa disso. Batalhei
a vida toda e agora que é o momento de o controle biológico se firmar
não vou parar.
Mais recentemente uma vespa passou a ser usada para combater
uma lagarta que ataca várias culturas no Brasil Central. A abordagem
está dando certo?
Em março de 2013, apareceu uma praga importante, a lagarta Helicoverpa armigera, em
lavouras de Goiás. Ela ataca até 200 plantas hospedeiras e afeta
cultivos como o de soja, algodão, laranja, café, entre outros. Não havia
como controlar essa lagarta com produtos químicos. Os agricultores
tiveram de usar o controle biológico, com o emprego de um vírus, o NPV,
que combate a própria lagarta, ou de vespinhas do gênero Trichogramma,
que atacam seus ovos. O problema é que, na ocasião, não havia
disponibilidade de insetos para que todos usassem esse método. Agora
começam a surgir empresas no Brasil dedicadas a fornecer produtos
biológicos para esse mercado. Apenas dentro do programa Pipe [Pesquisa
Inovativa em Pequenas Empresas] da FAPESP, há 11 startups de controle
biológico. A empresa Bug, de Piracicaba, saiu do meu laboratório. A
ProMIP, que trabalha mais com ácaros, também se originou na Esalq, a
partir dos trabalhos do professor Gilberto Moraes. Os jovens estão muito
entusiasmados em montar empresas. Mas fico preocupado. Se as empresas
não forem profissionalizadas, podem denegrir a imagem do controle
biológico. Nosso trabalho tem de ser lento, mas seguro. Não se pode ter
pressa. Quando há um erro, o agricultor demora para voltar ao controle
biológico.
Ocorreu algo assim na década de 1970 com o fungo Metarhizium.
Um italiano que era assessor da FAO [Organização das Nações Unidas para a
Alimentação e a Agricultura], Pietro Guagliumi, introduziu esse fungo
no Nordeste, onde havia o problema da cigarrinha-da-cana-de-açúcar. Mas
lá o problema era mais na folha da planta, enquanto em São Paulo era no
sistema radicular. As cigarrinhas que causam esses problemas são muito
parecidas. Começaram a usar o fungo no Nordeste e foi um sucesso. Mas
logo surgiram empresas não sérias, que passaram a vender fungos
contaminados. Depois disso, o controle biológico passou a não funcionar.
Demorou anos para que o método voltasse a ser usado não só na região,
mas em todo o Brasil.
Que tipo de pragas agrícolas podem ser combatidas pelo controle biológico e quais não podem?
O MIP é como se fosse uma casa, que tem o alicerce composto por alguns
itens. Tem que conhecer a influência do clima, a praga e o momento de
controlá-la. Há quem confunda o inimigo natural com a praga agrícola. O
inimigo natural também faz parte desse alicerce. É o responsável pelos
níveis de mortalidade natural em um agrossistema. A praga tem um inimigo
natural e este também tem outro inimigo natural. Existe uma cadeia
trófica. Tudo estaria em equilíbrio se não estivéssemos plantando um
monte de soja, de cana, para atender as necessidades da alimentação
humana. A monocultura causa desequilíbrios. Acima do alicerce da casa
estão os métodos de controle das pragas, como o biológico, que podem
usar também feromônios, o plantio de diferentes culturas agrícolas,
produtos químicos e plantas transgênicas. Todas essas medidas visam
manter as pragas em um nível abaixo do dano econômico, levando-se em
conta, além do aspecto econômico, critérios sociais e ecológicos. Como
disse, o controle biológico não é a solução para todos os problemas.
Existem culturas em que pode ser mais utilizado e outras em que será
menos. Em culturas em que há muitos insetos, é difícil usar o controle
biológico. Nesse caso, a solução é usar produtos químicos seletivos, que
matam a praga, mas não o inimigo natural. Há tabelas disponíveis para
os agricultores com a recomendação desses produtos em diversas
situações. Em algumas culturas, como batata, tomate e até algodão, os
agricultores brasileiros empregam muito inseticida.
Essa é uma questão mais econômica ou cultural?
O Brasil é o campeão no uso de produtos químicos na agricultura. O país
tem uma cultura exclusivamente química, algo difícil de mudar. Esse é o
grande problema. O agricultor diz que o avô e o pai sempre usaram
inseticida. Ele quer ver o inseto que ataca a lavoura morto no chão
depois de aplicar o veneno. Temos menos tradição de controle biológico
que outros países da América Latina, como Peru, Colômbia e Venezuela,
que foram muito motivados por pesquisadores da Califórnia. Nossa
agricultura foi muito influenciada por quem trabalhava com produtos
químicos. O DDT foi sintetizado em 1939 e se imaginou que todos os males
da agricultura seriam resolvidos. Aí surgiu um grave problema. Houve
desequilíbrios biológicos, poluição de águas. A bióloga americana Rachel
Carson fez um livro famoso sobre esse tema em 1962, Primavera silenciosa.
De 1940 aos anos 1960, houve um período negro para o controle biológico
de pragas. Até que surgiu o MIP, que foi uma resposta da comunidade
científica ao uso inadequado de defensivos, uma forma de controlar as
pragas levando-se em conta os aspectos econômicos, que não podem ser
deixados de lado, mas também os ecológicos e sociais.
Quando surgiu o controle biológico?
Ele é milenar. Os chineses usavam inimigos naturais para controlar
pragas de citros antes de Cristo. O controle biológico como conhecemos
hoje começou, na verdade, em 1888 na Califórnia. Riverside e Berkeley
são os dois grandes centros. Existia ali uma praga séria de citros, o
chamado pulgão-branco, que, na verdade, é uma cochonilha, a Icerya purchasi. Os americanos foram à Austrália, que era o provável local de origem do pulgão, pegaram a chamada joaninha-australiana (Rodolia cardinalis)
e a introduziram na Califórnia. No ano seguinte, o caso foi considerado
um sucesso. No Brasil, importamos o primeiro inseto em 1921. Foi
introduzida em São Paulo uma vespa dos Estados Unidos, a Encarsia berlesei,
que parasita a cochonilha-branca do pessegueiro. Mas a tentativa não
deu certo. Houve vários episódios assim. Por volta de 1924, apareceu a
broca-do-café, Hypothenemus hampei, um pequeno besouro de
origem africana que ataca essa cultura. Pesquisadores do Instituto
Biológico e um professor da Esalq, Salvador de Toledo Piza Júnior, foram
para a África e trouxeram uma vespa de Uganda, a Prorops nasuta,
mas o controle da praga não deu muito certo. Por coincidência, há uns
20 anos me procuraram porque acharam essa vespa na região de Ribeirão
Preto. Eles queriam multiplicá-la, já que hoje há técnicas para
criá-las.
Naquela ocasião, a técnica de criação dessa vespa também foi importada?
Naquele tempo, não tinha técnica de criação. Era a época do chamado
controle biológico clássico, em que tudo era feito de forma rudimentar,
sendo possível criar alguns insetos de forma artesanal e sem nenhuma
tecnologia. O pesquisador ia ao local de origem da praga, pegava seus
inimigos naturais e os introduzia na plantação em que havia o problema.
Como não existiam técnicas de criação dos insetos, eram introduzidos
poucos inimigos naturais. Por isso, essa introdução é chamada de
liberação inoculativa. Quando se libera uma pequena quantidade, não se
tem uma resposta imediata. Os insetos precisam se multiplicar na
natureza. Essa situação gerou uma imagem de que o controle biológico só
dava resultado a longo prazo e em culturas perenes ou semiperenes. Hoje
são usados mais os inimigos nativos, pois há muitas restrições para
importar insetos.
O senhor tem a patente da produção de um semioquímico, um
feromônio sexual usado no controle de uma praga de citros. Como isso foi
obtido?
Quem trabalha mesmo com feromônios é o José Maurício Simões Bento, meu
colega de departamento na Esalq e vice-coordenador do Instituto Nacional
de Ciência e Tecnologia de Semioquímicos na Agricultura, do qual sou
coordenador. Temos uma patente do feromônio, que é usado no controle da
mariposa Gymnandrosoma aurantianum, conhecida como bicho-furão
dos citros. Essa mariposa coloca ovos no fruto e, quando eclodem, as
lagartas penetram na laranja, que apodrece e cai. A fêmea dessa espécie
produz uma substância, um feromônio, que atrai o macho para o
acasalamento. Estudamos o comportamento sexual da fêmea para saber onde
ela acasala na árvore e aprendemos a sintetizar em laboratório seu
feromônio. Criamos uma armadilha com uma pastilha que libera aos poucos
essa substância sintetizada e a colocamos na laranjeira. Assim,
enganamos o macho e o atraímos para a armadilha. Essa pastilha foi
criada por nossos parceiros da Universidade de Tsukuba, no Japão. Ela é
envolta por um plástico – uma grande ideia tecnológica – que controla a
liberação da substância por 30 dias. Se retirar o plástico, toda a
liberação ocorre em um dia. Houve agricultores que arrancaram o plástico
e vinham reclamar que o método não funcionava. Tivemos de fazer
palestras e convencer o pessoal a não retirá-lo. Em 10 anos, com o uso
desse método de controle biológico, que custou US$ 50 mil dólares para
ser desenvolvido, os agricultores paulistas deixaram de gastar US$ 1,3
bilhão com a aplicação desnecessária de inseticidas.
Esses casos de controle com sucesso econômico estimulam a pesquisa na área?
Outro dia estava falando com o presidente da Koppert, que está presente
em 27 países e tem uma filial em Piracicaba. Ele me disse que usam
controle biológico em 90% ou 95% das casas de vegetação da Holanda. São
casas grandes, com 10 ou 20 hectares. Mas não dá para comparar com o
Brasil. Aqui, no Centro-Oeste, apenas um produtor, por exemplo, pode ter
100 mil hectares de soja. Sempre digo em palestras que o Brasil é
indiscutivelmente líder em agricultura tropical. Mas, em razão de nossas
grandes extensões, a agricultura tropical é perversa para o controle
biológico. Temos de desenvolver um modelo para o controle biológico
tropical. Não dá para liberar insetos manualmente em 100 mil hectares.
Tem de usar drone, avião. Não dá para andar em 100 mil hectares de soja
para saber a hora certa de liberar os insetos. É necessário
sensoriamento remoto para acompanhar essa questão. Ainda estamos
engatinhando nisso. Mas nossos programas de controle biológico estão
entre os maiores do mundo em termos de área manejada.
Como surgiu seu interesse pela entomologia?
Fiz o científico [uma das variações do antigo ensino médio, com ênfase
nas ciências exatas e naturais], tinha uma tendência muito forte para a
área biológica e imaginava ser médico. Morava em Campinas e era vizinho
do IAC [Instituto Agronômico]. Minha casa era a primeira depois do IAC.
No último ano do científico, participei de uma excursão à Esalq e me
encantei pela escola. Fiz o cursinho e fui estudar agronomia lá em 1964,
sempre com a ideia de ficar no IAC. Durante a faculdade, eu ia para o
instituto nos fins de semana e nas férias, quando estava em Campinas. No
segundo ano de agronomia, comecei a trabalhar com entomologia. Fui
bolsista de iniciação científica do CNPq [Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico]. Quando me formei, em 1968,
tinha até uns trabalhinhos publicados. Entrei no IAC meio ano depois de
formado através de um concurso.
No IAC já trabalhavam com controle biológico?
Comecei em uma área um pouco diferente, que é a resistência de plantas a insetos, com a broca-do-algodoeiro [Eutinobothrus brasiliensis].
Fiz o mestrado lá, mas frequentava a Esalq. Eu buscava o genótipo do
algodoeiro que é resistente à broca. Mas acabei saindo da área de
entomologia e fui para a de climatologia do IAC estudar a influência dos
fatores climáticos no desenvolvimento de insetos. Ainda trabalhando no
IAC, fiz o doutorado também na Esalq sobre o bicho-mineiro-do-café, a
mariposa Leucoptera coffeella, que ataca as folhas desse
cultivo. Em 1974, fui convidado para ir à Esalq. Naquela época, não
havia concurso na universidade. Fui a convite e comecei a trabalhar com
biologia de insetos. Em seguida, entre 1977 e 1978, fiz pós-doutorado na
Universidade de Illinois, nos Estados Unidos. Depois que voltei ao
Brasil comecei a trabalhar com controle biológico. Na Esalq, já havia
uma tradição de controle biológico em entomologia. O professor Domingos
Galo, catedrático, já o usava no cultivo de cana-de-açúcar. Durante o
pós-doc nos Estados Unidos, estudei dietas artificiais para insetos. Fui
pioneiro nessa área no Brasil, que é a base para o controle biológico.
Para criar o inimigo natural, é preciso saber como criar a praga.
Desenvolvi essa área, que era tabu no Brasil, pois os componentes eram
todos importados. Tive de desenvolver uma tecnologia de criação adaptada
às nossas condições.
Como existe muito desconhecimento, nossas leis são totalmente baseadas
no uso de produtos químicos. Queriam pôr até caveira nos produtos
biológicos como se faz com os químicos. O processo de aprovação é
demorado, mas está melhorando. Hoje há 41 produtos biológicos à espera
de aprovação dos três órgãos públicos responsáveis por esse processo, o
Mapa [Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento], a Anvisa
[Agência Nacional de Vigilância Sanitária] e o Ibama [Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis]. Há
também uma entidade que reúne as empresas do setor, a Associação
Brasileira de Controle Biológico, mais conhecida como ABCBio, da qual
participo como integrante do comitê técnico. Damos conselhos sobre como
fazer o controle de qualidade do setor. Não se pode deixar que as
empresas cuidem disso, tem de ser feito por um órgão ligado a uma
universidade ou a algum centro de pesquisa. Hoje ainda não existe um
controle de qualidade independente para os produtos biológicos.
O senhor participa de alguma dessas empresas?
Não. Acompanhei e incentivei a formação da Bug. No Brasil todo, dizem
que sou dono da empresa, mas é porque ela saiu de ex-alunos e de um
técnico que trabalhou em meu laboratório. Hoje existem diversas empresas
e tenho apenas ligações científicas com todas elas.
Qual sua opinião sobre a agricultura orgânica?
Ela pode ter seu espaço. Hoje há até grandes grupos econômicos nesse
setor. Mas acho que falta conhecimento de quem pratica esse tipo de
agricultura. Não há muitas possibilidades para ser exclusivamente
orgânico. As pessoas têm muitas dúvidas. Mas é um mercado interessante,
com potencial. Falta pesquisa na área. Tem muito romantismo, poesia e
ideologia.
Os produtores orgânicos usam controle biológico?
Que eu saiba, usam pouco. Falam muito, mas usam pouco.
O senhor acha que a agricultura orgânica pode ser uma
alternativa de produção em larga escala ou ela se presta a projetos
pequenos?
Essa questão tem a ver com os desafios de desenvolver um controle
biológico tropical. Como as áreas orgânicas não são tão grandes, seria
até mais fácil usar o controle biológico nessas propriedades. Mas, na
agricultura orgânica, há questões problemáticas com relação ao
crescimento da planta, pois não usam fertilizantes e o cultivo apresenta
menos vigor. A não utilização de insumos os leva a lidar com outros
problemas e o controle biológico acaba passando despercebido. Há pouca
gente no mundo pesquisando a agricultura orgânica.
O senhor é a favor dos cultivos transgênicos?
Hoje na literatura científica não há, por enquanto, nenhum malefício
atribuído aos transgênicos. Acho que eles são uma medida de controle
como outra qualquer, mas têm um período de eficácia limitado. Em pouco
tempo, há seleção de insetos resistentes ao transgênico e será
necessário produzir outro transgênico. É como ocorre com as antigas
variedades de cultivo que acabam sendo substituídas por novas
variedades, mais resistentes a pragas. Não sou contra o transgênico; sou
contra dizer que é a solução de todos os problemas. A cana transgênica
não vai ser o fim do controle biológico no setor, como alguns dizem.
Sempre “surgem” pragas resistentes. A soja transgênica controla a
lagarta Helicoverpa armigera, mas não o percevejo e outras pragas. Para esses, será necessário adotar alguma outra medida biológica.
POR: MARCOS DE OLIVEIRA e MARCOS PIVETTA |
ED. 261 | NOVEMBRO 2017
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