DISPONÍVEL: http://revistapesquisa.fapesp.br/2015/11/12/quimicos-criam-dispositivo-flexivel-que-emite-luz/?cat=noticias
ACESSO: 15/01/2016 as 19:52h
A ideia de notebooks dobráveis e papéis eletrônicos
flexíveis que poderiam ser usados em painéis publicitários, revistas,
livros e jornais eletrônicos e cardápios de restaurantes, parece estar
mais próxima de se tornar realidade. Em um estudo publicado em novembro
na capa da revista Journal of Materials Chemistry C, pesquisadores do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (IQ-Unesp), do campus
de Araraquara, e do Laboratório de Biopolímeros e Biomateriais do
Centro Universitário de Araraquara (Uniara), ambas no interior de São
Paulo, relatam o desenvolvimento de um substrato flexível à base de dois
polímeros de fontes naturais: celulose produzida por bactérias e o
poliuretano, obtido da síntese do óleo de mamona.
O material, cuja concepção contou com a colaboração de pesquisadores
também do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP), em
São Carlos, do Inmetro e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro (PUC-Rio), foi usado como suporte para a obtenção de um diodo
flexível emissor de luz (Foled, na sigla em inglês), uma das mais promissoras tecnologias para vídeo e imagem. Os Foleds
são uma resposta aos esforços para obtenção de um dispositivo
eletrônico que combine as propriedades ópticas do papel, como alta
refletividade, flexibilidade e contraste, com a capacidade dinâmica das
telas digitais convencionais que equipam notebooks e telefones
celulares, por exemplo. Outras aplicações possíveis incluem dispositivos
na área médica, como lentes de contato e bandagem oftalmológica, além
de sistemas para a liberação controlada de fármacos e embalagens
biodegradáveis.
Em 2009, o grupo de pesquisadores, coordenado pelo químico Sidney
Jose Lima Ribeiro, à época orientador de doutorado do químico Hernane
Barud no Laboratório de Materiais Fotônicos do IQ-Unesp, desenvolveu um
protótipo de Foled à base de um substrato de biocelulose, um
tipo de papel com transparência superior a 90% na região visível do
espectro eletromagnético.
O substrato desenvolvido pelos pesquisadores tem uma estrutura
similar a um sanduíche, segundo Barud, hoje professor e pesquisador no
Laboratório de Biopolímeros e Biomateriais (BioPolMat), no Centro
Universitário de Araraquara-Uniara. “Ele é composto por uma série de
filmes nanométricos com propriedades e funções específicas depositados
sob um substrato de vidro”, diz. Suas vantagens, descritas no artigo
publicado na Journal of Materials Chemistry C, consistem no
fato de ele ser feito à base de celulose bacteriana e óleo de mamona,
matéria prima abundante no Brasil que pode substituir fontes derivadas
do petróleo.
As vantagens da celulose bacteriana, por sua vez, estão relacionadas
ao fator ambiental — sua produção não gera resíduos tóxicos ao ambiente
como acontece no método tradicional de produção de celulose. Essa
celulose é produzida pela bactéria Gluconacetobacter xylinus na forma de mantas altamente hidratadas. A G. xylinus usa fontes de carbono para seu metabolismo e secreta nanofibras de celulose.
Projeto
Materiais híbridos multifuncionais a base de celulose bacteriana (nº 2014/24692-1); Modalidade Auxílio à Pesquisa – Pesquisador Visitante – Internacional; Pesquisador responsável Sidney José Lima Ribeiro (IQ-Unesp); Investimento R$ 45.756,20 (FAPESP).
Artigo científico
BARUD, H. S et al. Transparent composites prepared from bacterial cellulose and castor oil based polyurethane as substrates for flexible OLEDs. Journal of Materials Chemistry C. v. 3, n. 44. P. 11557-774. nov. 2015.
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