Acesso: 22/04/2018 as 22:22h
A história da química está diretamente ligada ao desenvolvimento do
homem, já que abrange todas as transformações da matéria e suas teorias
correspondentes. Com frequência, a origem da química se relaciona
intimamente com a história dos químicos e — segundo a nacionalidade ou
tendência política do autor — ressalta em maior ou menor medida os
sucessos alcançados num determinado campo ou por uma determinada nação.
De fato, a ciência química surge no século XVII, a
partir dos estudos de muitos dos cientistas da época. Considera-se que
os princípios básicos da química se recolhem pela primeira vez na obra
do cientista britânico Robert Boyle, The Sceptical Chymist
(1661). A química, como tal, começa a ser explorada um século mais
tarde, com os trabalhos do francês Antoine Lavoisier e suas descobertas
em relação ao oxigênio, à lei da conservação da massa e à refutação da
teoria do flogisto.
Os primeiros avanços na história da química
O princípio do domínio da química (que para alguns
antropólogos coincide com o princípio do homem moderno) é o domínio do
fogo. Há indícios de que há mais de 500.000 anos, em tempos do Homo erectus,
algumas tribos conseguiram tal feito. O domínio do fogo não só dava luz
e calor na noite, como ajudava o homem na proteção contra os animais
selvagens. Também permitia a preparação de comida cozida, a qual
continha menos micro-organismos patogênicos e era mais facilmente
digerida. Assim, baixava-se a mortalidade e melhoravam as condições
gerais de vida. O fogo também permitia conservar melhor a comida,
especialmente as carnes e os peixes.
A metalurgia
Um dos principais processos de transformação, a
metalurgia começou com o descobrimento do cobre. Depois, por
experimentação ou como resultado de misturas acidentais,
descobriu-se que suas propriedades mecânicas poderiam ser melhoradas em
suas ligas de metais.
Os Hititas foram uns dos primeiros a obter o ferro a
partir de seus minerais. Esse processo é muito mais complicado, já que
requer temperaturas mais elevadas e, portanto, a construção de fornos
especiais. No entanto, o metal obtido era de baixa qualidade, com um
elevado conteúdo em carbono, tendo que ser melhorado em diversos
processos de purificação e, posteriormente, ser forjado. A humanidade
demorou séculos para desenvolver os processos atuais de obtenção do aço
(geralmente por oxidação das impurezas insuflando oxigênio ou ar no
metal fundido, método conhecido com o nome de “processo de Bessemer”). O
seu domínio foi um dos pilares da Revolução Industrial.
Outra grande realização nesse sentido foi a obtenção
do alumínio. Descoberto no princípio do século XIX, este era obtido por
meio da redução de seus sais com metais alcalinos. Seu preço superou o
do ouro: era tão apreciado que vários talheres presenteados à corte
francesa passaram a ser fabricados a partir do mesmo.
A cerâmica
Outro campo de desenvolvimento que acompanhou o homem
desde a Antiguidade até o laboratório moderno é a cerâmica. Suas
origens datam da pré-história, quando o homem descobriu que os
recipientes feitos de argila mudavam suas características mecânicas e
incrementavam sua resistência frente a água caso fossem esquentados no
fogo. Para controlar melhor o processo, diferentes tipos de fornos foram
criados.
Relacionado com o desenvolvimento da cerâmica está o
desenvolvimento do vidro a partir do quartzo e do carbonato de sódio ou
de potássio. Seu desenvolvimento igualmente começou no Antigo Egito e
foi aperfeiçoado pelos romanos.
A química como ciência
O filósofo grego Aristóteles pensava que
as substâncias estavam formadas por quatro elementos: terra, vento,
água e fogo. Paralelamente, surgia outra teoria na época: o atomismo,
a qual postulava que a matéria estava formada por átomos, partículas
indivisíveis que poderiam ser consideradas suas unidades mínimas. Esta
tese, proposta pelo filósofo grego Demócrito de Abdera não foi muito
popular na cultura ocidental, dado o peso das obras de Aristóteles na
Europa. No entanto, tinha seguidores (entre eles Lucrécio) e a ideia
ficou presente até o princípio da Idade Moderna.
Entre os séculos III
a.C. e XVI d.C., a química estava dominada pela alquimia. O objetivo de
investigação mais conhecido da alquimia era a procura da pedra
filosofal, um método hipotético capaz de transformar os metais em ouro.
Na investigação alquímica desenvolveram-se novos produtos e métodos para
a separação de elementos químicos. Deste modo, foram-se assentando os
pilares básicos para o desenvolvimento de uma futura química
experimental.
A química como é concebida atualmente
começou a tomar forma entre os séculos XVI e XVII. Nessa época,
começou-se a estudar o comportamento e as propriedades dos gases, se
estabelecendo técnicas de medição. Pouco a pouco o conceito de elemento
como uma substância elementar que não podia ser descomposta em outra foi
ganhando forma.
Por volta do século
XVIII a química adquiriu definitivamente as características de uma
ciência experimental. Foram criados métodos de medição cuidadosos, os
quais permitiram um melhor conhecimento de alguns fenômenos, como o da
combustão da matéria. As descobertas de Antoine Lavoisier em relação ao
oxigênio foram essenciais, assentando finalmente os pilares fundamentais
da química moderna.
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