DISPONÍVEL:http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2015/10/trio-que-descobriu-mecanismos-de-reparo-do-dna-leva-nobel-de-quimica.html
ACESSO: 26/11/2015 as 12:20h
Paul Modrich, 68, americano, Aziz Sancar, 69, turco e Tomas Lindahl, 77, sueco, dividem os 8 milhões de coroas suecas (US$ 963 mil) do prêmio em três partes iguais.
Modrich trabalha na Universidade Duke, de Durham (EUA), Sancar, na Universidade da Carolina do Norte (EUA), e Lindahl, no Instituto Francis Crick, de Hertfordshire (Reino Unido).
O DNA é uma molécula relativamente instável e sua composição pode ser danificada por raios ultravioleta, por substâncias tóxicas e por próprio processo de duplicação, que envolve uma química sofisticada.
Os cientistas que receberam o Nobel de química neste ano descobriram mecanismos que existem em praticamente todos os seres vivos e servem como "caixas de ferramentas" naturais para consertar esses defeitos que surgem espontaneamente.
Controle de erros
A estrutura do DNA foi descoberta em 1953, e até a década de 1970, cientistas ainda acreditavam que ele fosse uma molécula estável. Trabalhos de Lindahl, porém, mostraram que o DNA era tão frágil que tornaria impossível a existência da vida sem um meio de proteção. O próprio sueco passou a investigar o problema e descobriu um mecanismo chamado de "reparação por excisão de base", que fica em alerta para erros na cópia das bases nitrogenadas que compõem as "letras" do código do DNA
A estrutura do DNA foi descoberta em 1953, e até a década de 1970, cientistas ainda acreditavam que ele fosse uma molécula estável. Trabalhos de Lindahl, porém, mostraram que o DNA era tão frágil que tornaria impossível a existência da vida sem um meio de proteção. O próprio sueco passou a investigar o problema e descobriu um mecanismo chamado de "reparação por excisão de base", que fica em alerta para erros na cópia das bases nitrogenadas que compõem as "letras" do código do DNA
Esse processo, porém, não dava conta de explicar toda a estratégia da
molécula para se manter estável. Sancar, então, passou a estudar danos
que os raios ultravioleta causam aos cromossomos. Ele descobriu o
"reparo por excisão de nucleotídeo", que detecta danos extraídos em
pedaços maiores da molécula. Nucleotídeos incluem segmentos do "eixo" no
qual as "letras" são afixadas. Pessoas que nascem com defeitos
congênitos nesse sistema de reparo são extremamente susceptíveis a
câncer de pele.
Modrich, por sua vez, descobriu um sistema batizado de "reparo de pareamentos errados" (mismatch repair),
que detecta erros de cópia quando o DNA é replicado para a divisão
celular. Problemas nesse mecanismo também estão ligados a alguns tipos
de câncer.
Os mecanismos descobertos pelos pesquisadores estão todos ligados a
enzimas, proteínas que promovem reações bioquímicas, produzidas pelo
organismos. Elas são capazes de detectar erros no DNA, remover partes da
molécula, e recolocar as peças faltantes.
Aplicações médicas
Lindahl, que concedeu nesta manhã uma entrevista coletiva por telefone, se disse surpreso com o anúncio do prêmio. "Eu sabia que, ocasionamente, em outros anos meu nome já havia sido considerado para o prêmio, mas até aí, centenas de outras pessoas também foram" afirmou. "Me sinto muito sortudo e orgulhoso."
Lindahl, que concedeu nesta manhã uma entrevista coletiva por telefone, se disse surpreso com o anúncio do prêmio. "Eu sabia que, ocasionamente, em outros anos meu nome já havia sido considerado para o prêmio, mas até aí, centenas de outras pessoas também foram" afirmou. "Me sinto muito sortudo e orgulhoso."
Na entrevista, o cientista ressaltou a importância do estudo dos
mecanismos de reparos de DNA para o desenvolvimento de medicamentos.
"Droga contra o câncer frequentemente agem danificando o DNA da célula
tumoral para tentar matá-la, e a célula tumoral reage tentando reparar
seu DNA", explicou. "É uma faca de dois gumes: somos gratos por ter
reparo de DNA, mas não nos agrada que as células tumorais o tenham
também. Temos de compreender esses mecanismos para que possamos fornecer
boas terapias seletivamente."
Segundo o cientista, medicamentos que tentam atacar parasitas como
vírus e bactérias também tem esse aspecto em foco. "Os mecanismos de
reparo de DNA são distribuidos universalmente: todas as células vivas
possuem esquemas que são mais ou menos eficientes", explicou. "Tentamos
identificar alvos frágeis em patógenos que atuam reparando DNA para que
possamos tentar danificá-los."
Combate ao câncer
Sancar, em entrevista para a agência de notícias Reuters, também se disse surpreso com o Nobel. "Eu fiz trabalhos signficativos para merecer o prêmio, mas não o estava esperando neste ano", afirmou. "Eu nem sabia que havia sido indicado."
Sancar, em entrevista para a agência de notícias Reuters, também se disse surpreso com o Nobel. "Eu fiz trabalhos signficativos para merecer o prêmio, mas não o estava esperando neste ano", afirmou. "Eu nem sabia que havia sido indicado."
O pesquisador disse acreditar que a importância dos mecanismos de
reparo de DNA para pesquisas de prevenção e tratamento do câncer foram o
fator primordial na decisão do Nobel em premiar sua linha de pesquisa.